'Não volto mais ao litoral norte', diz vítima de assalto

A engenheira química L., 45, não volta ao litoral norte desde 2009, quando o marido dela foi morto num assalto à casa alugada pela família, na praia do Lázaro, paraíso de águas calmas e areia branca, em Ubatuba.

"Fica o trauma, não tem jeito. Perdeu a graça", disse L., que pediu anonimato.

Naquele ano, o engenheiro e professor José Antônio Duarte Reis, 43, alugou o imóvel para passar as festas de fim de ano na praia.

A família estava reunida para uma celebração, um dia após o Natal, quando três ladrões encapuzados invadiram a residência.

O engenheiro achou que a arma de um deles era de brinquedo e a pegou da mão do ladrão. O comparsa atirou.

Levado ao hospital, Reis morreu dias depois. Os criminosos foram presos.

"A casa onde tudo aconteceu fica na beira da praia, num lugar tranquilo. Nunca tivemos medo. Até aquele dia", contou L.

Antes do crime, ela, o marido e os dois filhos adolescentes sempre passavam férias ou feriados em Ubatuba, Ilhabela ou São Sebastião.

Ubatuba está entre os municípios que tiveram aumento nos homicídios na comparação de 2010 com 2011 (de 18 para 21). Casos como o de Reis não entram nessa estatística, por se tratar de latrocínio (roubo seguido de morte).

A pedagoga Cristiane Horn, 52, costuma ir à praia da Baleia, em São Sebastião, onde tem uma casa dentro de um condomínio. Mesmo com vigilantes que monitoram o acesso de moradores à praia, ela diz ter receio. "Há ruazinhas aqui e as mulheres podem ser atacadas pelos tarados da vida", disse.

DESAVENÇAS E DROGAS

O delegado responsável pelo litoral norte, Múcio Mattos Monteiro, disse que a maioria das mortes na região não está ligada a turistas e envolve moradores, geralmente por causa de desavenças pessoais, muitas delas ligadas a drogas.

"Vamos melhorar esses índices, aumentando o esclarecimento de crimes e intensificando as apreensões de drogas e armas", disse o delegado. (GIBA BERGAMIM JR.)