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Defesa tenta dividir culpa de Lindemberg no caso Eloá

Tese da advogada é que imprensa e polícia contribuíram para a tragédia

Começa hoje o júri do jovem acusado de matar a ex depois de mantê-la por cem horas em cárcere privado

TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO

No julgamento de Lindemberg Alves Fernandes, 25, marcado para começar hoje, às 9h, em Santo André (Grande SP), o acusado não será o único no banco dos réus.

Imprensa e polícia também devem ser julgadas pelo episódio que resultou na morte da ex-namorada de Lindemberg, a estudante Eloá Pimentel, 15, em outubro de 2008.

É isso, pelo menos, que pretende a defesa do rapaz. A estratégia de "dividir" a culpa da tragédia tem o objetivo de diminuir a pena dele, caso haja condenação.

O crime foi o caso mais longo de cárcere privado de SP. Eloá ficou em poder de Lindemberg por cem horas.

A advogada do rapaz, Ana Lúcia Assad, deixou claro à Folha que imprensa e polícia serão seus principais alvos.

"Tanto polícia quanto imprensa foram duramente criticadas. Tudo o que aconteceu vai ser revivido em plenário. Quem vai decidir se a polícia errou, se a imprensa errou, serão os jurados", diz.

Das 14 testemunhas convocadas por ela, 6 são jornalistas e 3, policiais envolvidos na negociação.

O argumento da defesa é que a imprensa, ao dar notoriedade ao sequestrador, ajudou a prolongar o episódio. No apartamento, ele tinha acesso às notícias.

Na relação de testemunhas está a apresentadora da Rede TV! Sônia Abrão, que entrevistou o rapaz enquanto o crime ainda acontecia. A apresentadora diz que não irá, porque não foi intimada.

POLÍCIA

A argumentação contra a polícia deve ser a de que o rapaz só atirou nas reféns porque se assustou com a invasão da PM ao apartamento.

Além disso, a advogada deverá alegar que a negociação para a liberação dos reféns não foi bem conduzida.

Será também a primeira vez em que Lindemberg deverá contar sua versão dos fatos, promete a advogada.

A hipótese de que ele negue a autoria dos disparos que mataram Eloá é remota. A promotora Daniela Hashimoto, que atuará no júri, afirma que as perícias comprovaram a autoria do rapaz.

Ela convocou cinco testemunhas para o julgamento. Entre elas Nayara Rodrigues da Silva, que também foi mantida refém, e Ronickson, irmão mais velho de Eloá, que deve ajudar a reforçar a tese de que Lindemberg tem um temperamento agressivo.

A defesa, por sua vez, vai retratá-lo como uma boa pessoa e dizer que o episódio foi um fato isolado. Para isso, dirá que ele não tinha antecedentes criminais, que era arrimo de família e que trabalhava em dois empregos.

Lindemberg será julgado por 12 crimes. Se condenado, a pena ficará entre 50 e cem anos, diz a promotora.

Ele foi preso logo após o crime e está no presídio de Tremembé, no interior de São Paulo.

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