Ele não se arrependeu, diz mãe da jovem

A recepcionista Ana Cristina, mãe de Eloá, diz que voltou a tomar antidepressivos neste mês por conta do julgamento. Ela ataca Lindemberg e a ação da polícia no caso.

Folha - Ele havia dito que faria algo com a Eloá?
Ana Cristina Pimentel - Ele ligava pra mim e dizia que ia fazer uma besteira, mas eu pensava que era com ele. [Durante a negociação] Falei para ele soltar as meninas. Disse: "Aonde você for, eu vou com você". Ele dizia que não soltaria, que se ela não fosse dele, não seria de mais ninguém, que ela não sairia viva.

A senhora encontrou com ele depois do crime?
Sim, foi difícil. No primeiro encontro no fórum, ele não falou nada, ficou de cabeça baixa. No segundo, ainda olhou pra gente. No terceiro, só riu. Ficou rindo de mim e dos meus filhos, da Nayara e dos rapazes que estavam em casa [na hora que ele invadiu]. Ele olhou pra mim e não teve nenhum arrependimento. Fiquei doente quando saí de lá, tomando remédios, só pensando na cena.

A senhora o perdoou?
Quem perdoa é Deus, mas eu não tenho raiva dele. Sinto muita tristeza, é difícil relembrar. Até hoje não acredito que ele fez isso comigo. Eu tratava ele como um filho. Ele ficava direto na minha casa.

Como a senhora está agora?
Estou tentando reconstruir minha vida, com meus dois filhos. Estava sem tomar remédios, mas este mês voltei com o antidepressivo porque estou muito nervosa.

Como vê a atuação da polícia no caso?
A polícia me dava esperança de que ela sairia viva, de que ele iria negociar. Eu acreditei. Achei que demorou muito [para a polícia entrar no apartamento]. Ele dormia da meia-noite às 6h, dizia que não era para ligar nesse horário. A polícia tinha que ter tirado ela com vida.

O que a senhora espera do julgamento?
Justiça. A justiça não vai trazer minha filha de volta, mas é melhor ele lá, preso, do que solto. Porque o que ele fez com a minha filha ele pode fazer com outra [menina]. O que ele passou pra mim é que faria de novo com qualquer uma. Espero que ele continue preso.