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Tiros aconteceram entre explosão e entrada da PM, diz amiga de Eloá

No primeiro dia de julgamento, Nayara afirma que também não viu quem atingiu seu rosto

Defesa de Lindemberg Alves mostrou vídeos para responsabilizar a imprensa e a atuação policial durante o caso

TALITA BEDINELLI
ANDRÉ MONTEIRO
DE SÃO PAULO

O primeiro dia do julgamento de Lindemberg Alves Fernandes, 25, acusado de matar Eloá Pimentel, 15, e mantê-la refém com três amigos em outubro de 2008, em Santo André (Grande SP), foi marcado pelo depoimento da principal testemunha do caso, a amiga de Eloá, Nayara Rodrigues da Silva, 18.

A jovem detalhou como foram os dias em que elas passaram em poder de Lindemberg e o momento da invasão da PM ao apartamento, que culminou na morte de Eloá.

Segundo Nayara, o tiro que a acertou na mão e no rosto e os outros dois disparos, que atingiram a amiga na virilha e na cabeça, foram feitos depois que a polícia explodiu a porta do apartamento.

Ela disse que, apesar de não ter visto o momento dos disparos, escutou quando os tiros foram dados -no intervalo entre a explosão e a entrada dos policiais no local.

A polícia demorou a entrar no apartamento, pois Lindemberg havia encostado uma mesa pesada na porta.

A menina relatou que Eloá dizia ter certeza de que iria morrer e que o rapaz agredia e ameaçava matar a amiga.

A advogada de Lindemberg, Ana Lúcia Assad, tentou desconstruir a imagem de que ele era agressivo e quis mostrar que o clima do cárcere não foi de opressão.

Em um dos momentos, ela usou a palavra "estadia" para se referir ao período, o que irritou bastante a acusação.

Para fundamentar sua argumentação, ela questionou Nayara se, durante o cárcere, ela teria abraçado Lindemberg. A menina disse que sim.

Nayara também afirmou que eles assistiam TV e ouviam música no apartamento. Assad ainda teria sugerido que eles chegaram a cozinhar um pavê, mas a menina disse que não se lembrava.

Além de Nayara, foram ouvidos ontem os reféns Iago Vilera de Oliveira e Victor Lopes de Campos. Eles afirmaram que foram agredidos e ameaçados e que, antes do crime, Lindemberg perseguia Eloá.

IMPRENSA

A defesa explorou a tese de que a imprensa foi corresponsável pelo crime porque, ao dar notoriedade ao caso, prolongou o tempo de cárcere.

Para isso, mostrou cerca de duas horas de vídeos de entrevistas sobre o caso. Em algumas, feitas enquanto o crime ocorria, Lindemberg afirmava que iria liberar Eloá.

Outras cenas mostravam programas de TV com especialistas de segurança questionando a atuação policial.

Só dois dos seis jornalistas convocados para depor continuam na lista. Sonia Abrão, Roberto Cabrini e Reinaldo Gottino não compareceram.

A defesa substituiu a jornalista Ana Paula Neves pelo irmão de Eloá, Douglas Pimentel. A mãe de Eloá foi convocada de última hora, para substituir um perito.

Com isso, evitaria choro na plateia, o que poderia influenciar os jurados -dos sete jurados, só uma é mulher.

Questionada, a advogada negou ter esse objetivo.

O julgamento retornará hoje, às 9h, com o depoimento da última testemunha de acusação, Ronickson Pimentel, irmão de Eloá. Depois, serão as testemunhas de defesa.

É possível que Lindemberg seja ouvido hoje. Será a primeira vez que ele falará.

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