Índice geral Cotidiano
Cotidiano
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Análise

Por que a greve fluminense não foi adiante como a baiana

JORGE DA SILVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

A greve é um direito na busca de melhores condições salariais e de trabalho. Tal direito é vedado pela Constituição aos militares, aí incluídos os PMs e bombeiros militares.

Acontece que eles não têm os mesmos direitos dos trabalhadores em geral. Estão proibidos de exercer outra atividade para complementar a renda, não têm direito a hora extra, podem ser convocados para prontidão por tempo indeterminado e por aí vai.

Daí que, se o Estado não compensa essas restrições com condições condignas (mas lhes dá mandato de autoridade, com autorização para usar força e armas de fogo); e se os altos escalões não conseguem sensibilizar o poder político sobre as necessidades da tropa, cria-se uma situação que, em parte, explica o quadro atual.

O que houve na Bahia não foi greve. Paralisação com arma em punho, sabotagem, queima de veículos e insubordinação não pode ter esse nome. Mas é preciso não esquecer como o governo se comportou; esticou a corda até o limite, sem admitir negociar.

Por que no Rio não se repetiu a Bahia? Porque PMs e bombeiros devem ter-se chocado com o que que viram pela TV e por que o governo não esticou tanto a corda. Enviou mensagem à Assembleia atendendo, em parte, aos pleitos, o que desencorajou a maioria.

O que precisa ficar claro é que o problema persiste. Note-se que esses movimentos são sempre liderados por cabos e soldados. Por quê? Cabos e soldados das PMs e dos bombeiros não são conscritos, e sim profissionais. Mantê-los em obediência confiando só nos códigos militares é pouco.

JORGE DA SILVA é cientista político e professor da Uerj; foi chefe do Estado Maior Geral da PM do Rio

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.