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Defesa de réu desafia juíza do caso Eloá

Falha em número de arma na perícia provocou discussão; advogada de Lindemberg mandou juíza 'voltar a estudar'

Defesa pode usar clima tenso como argumento para abandonar júri; advogada diz que há cerceamento de defesa

TALITA BEDINELLI
ANDRÉ MONTEIRO
DE SÃO PAULO

O clima que começou a ficar tenso no final do primeiro dia do julgamento de Lindemberg Alves Fernandes, 25, piorou ontem, segundo dia do júri.

A advogada do réu, Ana Lúcia Assad, chegou a ofender a juíza Milena Dias e a bater boca com os advogados de acusação e com a promotora Daniela Hashimoto.

O acirramento pode ser usado por Assad como argumento para deixar o júri e adiar o julgamento, alegando cerceamento de defesa. Ela ameaçou abandonar o plenário ontem.

O réu é acusado de matar a ex-namorada Eloá Cristina Pimentel, 15, e manter três amigos dela reféns em outubro de 2008 no apartamento da vítima, em Santo André (Grande SP). Ela ficou em cárcere privado por cerca de cem horas antes de ser atingida por um tiro na virilha e outro na cabeça.

O ponto alto da discussão foi no depoimento da perita Dairse Aparecida Lopes. A advogada já havia terminado de interrogá-la, mas no final dos questionamentos da acusação repetiu pergunta sobre uma divergência na numeração de arma do crime. A testemunha já havia dito que foi um erro corrigido no processo.

A juíza disse que Assad já havia feito as perguntas e que poderia retomar a questão no final, no debate entre acusação e defesa. A advogada insistiu, alegando que ela era necessária pelo "princípio da descoberta da verdade real".

Em tom irônico, a juíza disse que o termo não existia ou não se chamava assim. Assad retrucou: "Então, a senhora deveria voltar a estudar".

A frase causou espanto na plateia e indignação na promotora, que afirmou: "Gostaria de alertá-la que, se houver desacato à autoridade, a senhora pode ser responsabilizada".

A advogada afirmou que estava havendo cerceamento de defesa desde o primeiro dia de júri. Depois da confusão, a juíza autorizou a pergunta.

Testemunhas chamadas pela defesa na tentativa de corresponsabilizar a imprensa pouco falaram. Entre elas estavam os jornalistas Rodrigo Hidalgo e Márcio Campos, da TV Bandeirantes.

FAMÍLIA

Convocada pela defesa para depor, mas depois dispensada, a mãe de Eloá, Ana Cristina Pimentel, afirmou que não viu arrependimento no réu e que o encarou após ele fazer algum gesto para ela.

Primeiro a depor ontem, o irmão mais velho de Eloá, Ronickson Pimentel, afirmou que o réu "é um monstro, louco, agressivo". O mais novo, Everton Douglas Pimentel, 17, também o chamou de monstro. Presente, Lindemberg abaixou a cabeça.

O júri foi suspenso às 23h. O depoimento do réu, o mais esperado, deve acontecer hoje.

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