Condenado deve responder a novo processo

A briga judicial enfrentada por Lindemberg Alves Fernandes e sua advogada Ana Lúcia Assad não terminou ontem com a condenação do réu a quase cem anos de prisão.

Lindemberg deverá responder também pelo porte ilegal de arma. Ele admitiu ter comprado um revólver, de numeração raspada, utilizado para matar Eloá Pimentel.

Após a leitura da sentença ontem, a promotora Daniela Hashimoto pediu encaminhamento do caso para abertura de nova investigação.

"Como ele não havia se manifestado ainda, não sabíamos a procedência dessa arma. Ele poderia alegar que encontrou no apartamento."

Já a advogada deverá responder a processo pelas declarações sobre a juíza Milena Dias. Conforme a magistrada registrou na sentença, Assad, "de forma jocosa, irônica e desrespeitosa", aconselhou que ela voltasse a estudar.

Também houve pedido de investigação sobre a procedência dos coletes a prova de bala apresentados pela defensora nos julgamentos. Esses equipamentos são controlados pelo governo.

A Folha tentou entrevistar Assad ontem, sem sucesso.

O advogado criminalista Roberto Delmanto Júnior diz que a pena de 98 anos de prisão aplicada a Lindemberg foi "exacerbada".

"A juíza considerou todos os cárceres privados como crimes cometidos separadamente, mas o Tribunal de Justiça pode considerar que isso foi um crime continuado", afirmou Delmanto Júnior.

Hoje, para conseguir uma progressão de regime, Lindemberg teria de ficar mais 27 anos preso. Isso sem considerar o trabalho na prisão, o que ele vem fazendo.

A cada três dias trabalhados, ele pode ter uma redução de um dia no cômputo final da pena. Contado esse período, o tempo que ele ficará detido será de 21 anos.