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Mascarados DANUZA LEÃO - danuza.leao@uol.com.br Meu iaiá, meu ioiô 2.000 braços se ergueram, rodando o pulso com uma calcinha na mão, homenageando Wando AS BANDAS da zona sul do Rio de Janeiro cresceram, se globalizaram, e estão todas iguais. Rapazes, latinha de cerveja na mão, andam devagar, e mocinhas sambam quando veem uma câmera de TV. Todos muito bem comportados, sinal claro de falta de animação. Já o bloco Fogo e Paixão escolheu o centrão do Rio para homenagear Wando no último domingo, às 11h da manhã. Não era bem um bloco; uma multidão parada lotou a praça, e de um palquinho vinham as músicas do universo brega. O repertório? Sidney Magal -primo de Vinicius de Moraes, você sabia?-, Gretchen, Agepê, Biafra; todos sabiam de cor as letras, enquanto as viúvas de Wando, de pretinho e véu, enxugavam as lágrimas com calcinha fio dental vermelha. Alguns homens usavam máscaras com a boca de Wando, e muita gente já foi de oncinha para emendar no Larga a Onça, Alfredo. Na porta da igreja de São Francisco, barraquinhas ofereciam calcinhas, cortesia para quem não quisesse tirar a sua. O momento apoteótico foi quando o ritmo anunciou "Você é luz, é raio, estrela e luar"; 2.000 braços se ergueram, rodando o pulso com uma calcinha na mão, homenageando Wando, o último dos românticos, e todos cantaram "Quando tão louca, me beija na boca, me ama no chão". Fogo e paixão, delírio total. Um desses braços era meu, e fiquei com as pernas bambas de ver tanta emoção, emoção que faltou - ou não existe mais- nas bandas da zona sul. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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