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Com aposentadorias, falta de professores deflagra crise na USP

Universidade pode perder 40% do corpo docente em cinco anos; 'Estamos no caos', diz chefe de departamento da FEA

Governo envia projeto para a Assembleia pedindo 2.700 novas contratações, mas processo é demorado

FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO

A USP pode perder 40% de seus professores em cinco anos por conta de aposentadorias. O quadro é considerado "crítico" pela mais importante universidade do país.

Documento da reitoria enviado à Assembleia diz ainda que 25% dos docentes poderiam pedir agora a aposentadoria (1.500 em 5.800).

Dirigentes da universidade consultados pela Folha disseram que a situação é "caótica", pois muitos professores já estão se aposentando, mas não há reposição.

Para tentar contornar a situação, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) enviou projeto de lei à Assembleia, pedindo autorização para contratar 2.700 professores.

Esse é o primeiro passo para que um docente ingresse na escola. Após a eventual aprovação no Legislativo, é preciso autorização interna para abertura de concurso e seleção dos candidatos.

A própria reitoria informou ontem que os 2.700 postos não serão abertos de uma vez.

"A aposentadoria desse pessoal demonstra a proximidade de situação crítica", diz o reitor João Grandino Rodas na defesa do projeto.

CORTES

O docente é obrigado a se aposentar aos 70 anos, mas pode se retirar aos 65, dependendo do tempo de serviço.

"Já estamos no caos", afirmou o chefe do departamento de administração da FEA, Adalberto Fischmann.

Ele afirma que o número de professores no seu setor caiu de 97 para 72 nesta década. E outros 38 devem se aposentar em cinco anos.

Para comportar o aumento de alunos no período, disciplinas têm sido cortadas e há turmas com 80 estudantes. "É um número indesejável. O ideal seria, no máximo, 35."

Ele se mostra pessimista para os próximos anos. "Mesmo que a Assembleia aprove o projeto, vai demorar para os novos começarem a atuar."

Chefe do departamento de contabilidade e atuária da FEA, Edgard Cornacchione diz que a pós-graduação é a mais preocupante. "Para um professor ser 'senior', leva uns 12 anos. A falta de pesquisadores experientes pode prejudicar as pesquisas."

O docente do Instituto de Física e ex-presidente da Adusp (sindicato docente) João Zanetic se aposentará em 2013. Para ele, há demora nas contratações. "Antes, havia restrições orçamentárias. Agora há recursos, mas a reitoria prefere fazer obras."

A reitoria afirma que a contratação demora por conta dos diversos ritos exigidos. Só no Executivo, diz, o processo passa por cinco secretarias.

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