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Vendedores arriscam 'portunhol' para agradar clientes brasileiros

VERENA FORNETTI
DE NOVA YORK

"Ah, eles são brasileiros. Vêm para olhar, e não para gastar." Foi assim que Marcos, 36, e Giana Carbone, 34, foram recebidos em uma loja de Nova York há três anos. Quando voltaram à cidade no mês passado, tudo mudou.

Os gaúchos, ele administrador de empresas e ela farmacêutica, contaram com um vendedor intérprete que os acompanhou por cada departamento de uma loja de eletrônicos da cidade (a B&H).

Com a enxurrada de brasileiros gastando mais em Nova York, eles começam a receber mais paparicos. Muitos vendedores já falam português ou se esforçam no portunhol.

"Atendo brasileiros que gastam US$ 2.000 de uma vez. Saem daqui e vão para outro setor gastar mais", conta a vendedora da área da Ralph Lauren na Macy's. Ela não fala português, mas diz se comunicar bem com os brasileiros em espanhol.

"Acabei de voltar da Victoria's Secret. A vendedora era colombiana, mas me atendeu em português. Noto que os vendedores hispânicos estão manjando nossa língua", conta a advogada Carolina Smirnovas, 26, de São Paulo, que diz gostar quando os vendedores "puxam conversa".

"Disse para um vendedor numa loja de roupas que era do Recife. Ele respondeu que a cidade ficava no Nordeste e que tinha clientes de lá. Fiquei surpresa por ele conhecer a localização da minha cidade", afirma Vanda Nagem, 51, comerciante.

"Na Flórida, tinha loja com placa de 'falamos português' na vitrine", lembra a bancária Rossana Ribeiro, 29, de Niterói, que nesta semana passeava por Nova York.

A empresária Giselda Armentano, 59, de São Paulo, também nota a diferença: "Antes, quando você estava em uma loja e entravam japoneses, os vendedores viravam as costas para a gente. Agora não acontece mais".

"Eu vim para cá na década de 1990. Eles olhavam meio torto para a gente. Não estavam acostumados com brasileiro gastando tanto", diz o funcionário público Roberto Aguiar, 47, de Maceió.

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