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Mascarados - Barbara Gancia Olha o pacotão da nega! Conheço os Carnavais do Rio e de São Paulo; quer que eu explique a diferença entre eles? Vamos lá! VENHO DESCENDO o morro e rebolando o pacotão desde lá de cima. Até o povo que passa no asfalto é capaz de perceber: "Essa tem samba no pé!". Requebra, gorducha! Pensa que meu sambar é só dedinho apontando para cima? Sou da época do Gala Gay, peguei em cheio, aquilo sim foi extravagância. Até que veio a Aids e deu um tapa na cara do folião. Mas esta cabrocha italiana saiu triunfante da longa e tenebrosa noite. Eu tenho uma carta na manga que muita mulata sarada e nascida no samba não tem. Eu já desfilei na Sapucaí e no sambódromo de São Paulo. Sei dizer a diferença entre um desfile e outro. Saí na Mangueira nos anos 1980 e na Rosas de Ouro em 2004. E agora vou explicar a diferença entre um e outro. Vamos lá? Pegue duas torradas. Pegou? Numa você coloca caviar e, na outra, estrume. Sentiu a diferença? É isso. A torrada com caviar é o desfile do Rio. Não sou mal-agradecida com a minha cidade. Mas, na Marquês de Sapucaí, você vai "evoluindo" (passista = câncer, não sabe?) e o público aplaude e grita sem parar: "Linda!", "Vem cá, tesão!". Já no sambódromo paulistano, você vai indo e ouve uma palminha aqui, outra acolá (é sua prima aplaudindo) e, quando se dá conta, percebe um zunido assim: "Zzzzzzzz". Pessoal pegou no sono de tão cansado. São Paulo não engrena com Carnaval. Mas, veja bem: não sei se isso não vem a ser um baita de um elogio. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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