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Mascarados - Ruy Castro

As grandes (e novas) marchinhas

Com a recente volta triunfal dos blocos e, em breve, a dos bailes, a TV terá de se voltar para elas

ENEIDA DE Moraes, em seu livro "História do Carnaval Carioca", decretou: "Os piores inimigos do Carnaval são a chuva, a polícia e os saudosistas". Por estes, referia-se à turma para quem Carnaval bom, só o de antigamente -que, não por acaso, coincidia com os da sua juventude, marcada pela disposição para brincar a noite inteira na rua ou no salão, fantasiados de árabe (sem cueca sob o camisolão), e ao som das marchinhas de Braguinha, Haroldo Lobo e João Roberto Kelly.

Sob a alegação de que já não se faziam marchinhas como antigamente, esses saudosistas decidiram ficar em casa, assistindo às escolas pela TV e, talvez, tomando mingau. Mas o que esses desanimados diriam se soubessem que as mar-chinhas não existiam antes de 1930? Foi quando elas surgiram para valer -e só existiram mais ou menos até 1965.

Por que elas desapareceram? Porque, entre outros motivos, naquela época, a cidade se expandiu, o Carnaval de rua perdeu força, os bailes de clubes quase se extinguiram e a TV começou a bancar as escolas.

Mas, atenção: com a recente volta triunfal dos blocos (cada qual já produzindo seus próprios sambas e marchinhas) e, em breve, a dos bailes, a TV terá de se voltar para elas e dar-lhes a divulgação que, desde novembro, o axé (bleargh!) tem na Bahia.

Quando isso acontecer, preveem-se novas e grandes marchinhas. E não serão coisa de saudosista.

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