No sofá - Vinicius Torres Freire

Desfile em São Paulo. Dá cinco minutos e vontade de zapear. Nos nove canais seguintes à Globo, seis passam programas religiosos, dois vendem coisas. Nada pagão.

Já houve bailes na TV, um pornô "soft", quando era escassa a oferta de pornografia, hoje grátis. Ora rende mais alugar a TV ao pastor.

A besteira dos enredos e seus comentaristas.

Enfim, não difere muito das explicações de estilistas para seus desfiles ou de curadores de arte.

"Pensei na mulher urbana, antenada com a sustentabilidade, mas que vai à praia. Então ela usa chapéu em forma de bueiro voador e uma sacolinha paródia da Prada". Poderia ser um estilista ou um carnavalesco.

Nos desfiles, muita luzinha: na porta-bandeira, na bateria.

Parece rua de Natal com LED chinês.

E essas notas de real no desfile do Lula? É a ala FHC?

Moças exageram em bisturi e malhação. Seriam bonitas sem isso.

Num concurso de fantasia das antigas, poderiam chamar o figurino de "Periguete bombada esvoaçante no reino do boleiro Xerxes".