Anhembi vira praça de guerra com agressão, quebra-quebra e carro alegórico incendiado

	Jefferson Copolla/Folhapress
	Carro da Pérola Negra pega fogo no sambódromo do Anhembi após confusão na apuração do Carnaval 2012

O sambódromo paulistano se transformou em uma praça de guerra na tarde de ontem, durante a apuração do resultado do Carnaval 2012, com agressões, tumulto e até carro alegórico queimado. Cinco pessoas foram presas.

Quando faltavam só duas notas do quesito comissão de frente para que a campeã fosse conhecida -quem liderava era a Mocidade Alegre-, um integrante da Império de Casa Verde invadiu a área restrita, agrediu o locutor com um chute, tomou os papéis com o resultado e fugiu.

Membros de outras escolas, entre elas Gaviões da Fiel, Vai-Vai e Camisa Verde e Branco, também pularam as grades e passaram a jogar para o alto os papéis com as notas.

Torcedores investiram ainda contra equipes de reportagem, mas não houve feridos.

A confusão se alastrou na saída do Anhembi, na zona norte. Membros da Gaviões fecharam uma das pistas da marginal Tietê. Cerca de 200 PMs estavam no local.

A Folha presenciou integrantes da torcida organizada jogando objetos com fogo na área de dispersão, onde os carros que desfilaram na sexta e no sábado estão guardados. Aí começou o incêndio.

Um carro da escola Pérola Negra queimou por inteiro. O fogo só não se espalhou porque membros da escola e bombeiros foram rápidos.

Só à noite, após reunião de dirigentes e organizadores, São Paulo conheceu sua campeã de 2012. Decidiu-se manter a liderança pré-confusão.

A Mocidade Alegre, que homenageou o escritor Jorge Amado, ficou com o título.

A apuração já havia começado tensa. As escolas foram informados de uma troca de jurados. Segundo a Liga das Escolas de Samba, jurados de samba-enredo e mestre-sala e porta-bandeira foram trocados por suplentes na quinta, o que é previsto nas regras.

A maioria das escolas, porém, reclamou e apontou benefício à Mocidade Alegre.

ACORDO?

Só dois presos tiveram os nomes divulgados: Tiago Ciro Tadeu Faria, 29, integrante da Império de Casa Verde que deflagrou a confusão, e Cauê Ferreira, 20, da Gaviões.

Eles serão indiciados sob suspeita de dano ao patrimônio e supressão de documentos. Ambos estão presos -os crimes são inafiançáveis. Somadas, as penas podem chegar a nove anos de detenção.

Em depoimento, Faria disse que, após a troca de jurados, houve acordo informal entre as escolas para que não houvesse rebaixadas. Por isso, afirmou, ele deu início à confusão. Os dirigentes não comentaram tal declaração.