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Nereide Alves de Barros (1940-2012)

Desfilou fantasiada de coração

DE SÃO PAULO

Não fosse por um tombo, o domingo à noite teria sido perfeito para dona Nereide.

Foi a sua estreia no Carnaval paulistano, como integrante da Mocidade Amazonense, bloco da mesma Ponte Rasa onde ela se criou.

O convite veio das amigas de um grupo de terceira idade do bairro. Porque adorava dançar, topou. A fantasia, em vermelho forte, cobria o peito e tinha formato de coração.

O tropeço foi decorrente de um mal-estar pouco antes do desfile, no bairro da Luz. Mesmo assim, Nereide foi a que mais "pulou", disseram à família as amigas dela.

Na madrugada de segunda, dona Nereide acordou com dor no braço esquerdo, no ombro e nas costas. Pensou ser um reflexo do tombo, e foi a um ambulatório municipal. Como o raio-X não detectasse fratura, o médico lhe receitou anti-inflamatório e a liberou (a prefeitura disse que ela recebeu "o atendimento para o quadro relatado").

Veio a terça e Nereide foi ver a família. Tratou, entre outros temas, de um dinheiro que receberia do INSS. Ela queria dividi-lo entre os três filhos -Marli, Sueli e Lúcio.

Mas o que mais a empolgava era a iminência de ganhar o quinto neto. Neta, na verdade: Stella, o primeiro filho de Lúcio, o caçula.

"Acho que era a despedida dela", disse o genro Luis. Estava feliz, disse ele, como fora a vida toda, desde os tempos em que ganhou fama como cabeleireira na Ponte Rasa (o salão era em casa).

À noite, tornou a sentir o mal-estar. Perdeu a consciência abraçada ao namorado, Manoel (tal qual o marido de quem ficara viúva), a quem conhecera num baile. Morreu aos 71 anos, de infarto no coração. O enterro foi ontem no cemitério da Saudade, em São Miguel Paulista.

coluna.obituario@uol.com.br

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