Índice geral Cotidiano
Cotidiano
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Depoimento

'Após o susto, veio a burocracia de ser vítima'

OLÍVIA FLORÊNCIA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Nunca havia sido roubada antes. Esperava, então, o bom e velho "é um assalto!". Ao ouvir um "deita no chão, deita no chão!", fiquei em dúvida e tive de me certificar com minha companhia: "Estamos sendo roubados?".

A resposta, de um paulista habituado com a capital, veio com uma orientação: "Deita rápido!". Para mim, serviu como um sim.

Estava sentada de costas para a entrada do restaurante e não cheguei a ver a ação propriamente dita.

Num espasmo de segurança própria, consegui esconder meu celular. Pensei que nele estavam todos os contatos que poderiam servir de ajuda até eu conseguir dinheiro outra vez, já que salvar a bolsa, que estava na cadeira ao lado, não era mais uma opção.

Passado o susto e a súbita noção do valor imensurável da vida, veio a burocracia de ser vítima. O roubo ocorreu por volta das 23h30. Deixei o distrito policial só lá pelas 2h30, mas sem a cópia do B.O., que tive de buscar pela manhã.

O estranho é que, até agora, as pessoas me passaram a sensação de que ser roubado em São Paulo é normal. Quase um destino inevitável de quem precisa sair de casa e viver.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.