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Haitianos são vítimas das cheias no Acre

Refugiados no Brasil após o terremoto de 2010 no Haiti, imigrantes agora sofrem com a enxurrada em Brasiléia

Hotel onde cinquenta e sete haitianos estavam abrigados foi inundado pelas águas do rio Acre no domingo de Carnaval

KÁTIA BRASIL
ENVIADA ESPECIAL A BRASILEIA (AC)

A cidade acriana de Brasileia (231 km de Rio Branco), que se uniu para ajudar os imigrantes haitianos flagelados do terremoto de janeiro de 2010, agora depende de apoio da Defesa Civil para se recuperar da calamidade pública em decorrência da enxurrada do rio Acre.

O desastre natural em Brasileia, na divisa com a Bolívia, aconteceu na noite do domingo de Carnaval.

As águas invadiram 95% da área urbana destruindo casas e comércios, sistemas de água, de energia e deixando o de telefonia precário.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, dos 21 mil habitantes, 6.853 foram atingidos pela enchente.

Cerca de 200 casas foram interditadas e outras 73 ficaram destruídas.

Dos 3.367 moradores desalojados, cinquenta e sete são haitianos, sendo 24 mulheres e uma criança.

Ao menos 27 imigrantes estão ilegais porque chegaram ao Brasil após o governo fechar as fronteiras.

Desde janeiro, a concessão de visto de residência é feita apenas no Haiti.

O hotel Brasileia, onde os imigrantes estavam abrigados com a ajuda do governo do Acre, foi tragado pelas águas. Camas, colchões, eletrodomésticos se perderam.

O representante do governo Damião Borges de Melo disse que os haitianos foram retirados às pressas do lugar.

REFÚGIO NO CORETO

Melo, que também ficou desalojado e perdeu móveis, disse que, inicialmente, os haitianos procuraram refúgio no coreto da praça, esperando a água baixar.

Como isso não aconteceu, a proprietária de uma distribuidora de combustível emprestou duas salas, onde eles estão abrigados.

O haitiano Lyonel Cadet, 25, disse que quando viu a enxurrada lembrou do que ocorreu em sua terra natal, há dois anos.

"Nós viemos buscar trabalho no Brasil, tranquilidade e segurança. Não imaginávamos que íamos passar por isso", afirmou.

Desde 2010, Brasileia recebeu 2.300 haitianos.

Melo diz que o grupo atingido pela cheia permanece na cidade aguardando ofertas de empregos.

Outra preocupação dos imigrantes, afirma Melo, é com 273 haitianos barrados na cidade peruana de Iñapari (a cem quilômetros de Brasileia), onde também há enchentes.

"Eles nem podem entrar no Brasil nem podem voltar ao Haiti porque estão sem dinheiro", disse.

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