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Hopi Hari sabia de falha em cadeira, dizem funcionários

Eles afirmaram à polícia que supervisor foi alertado 15 minutos antes de acidente

Adolescente de 14 anos morreu na sexta-feira passada depois de cair de brinquedo a uma altura de 25 metros

Rafa Von Zuben/Futura Press
Pais da adolescente, Silmara e Armando Nychymura, chegam em delegacia para depor
Pais da adolescente, Silmara e Armando Nychymura, chegam em delegacia para depor

MARÍLIA ROCHA
ENVIADA ESPECIAL A VINHEDO

Dois funcionários do Hopi Hari, onde uma garota morreu após cair de um brinquedo na sexta, disseram ontem à polícia que avisaram a direção do parque sobre um problema mecânico na trava do assento onde a vítima estava.

"Aquela cadeira deveria estar lacrada, porque já tinha apresentado defeito", disse Bichir Ale Junior, advogado de Vitor Igor de Oliveira, 24, e Marcos Antonio Leal, 18, operadores do brinquedo La Tour Eiffel. "Quinze minutos antes do acidente, eles disseram ao supervisor que a trava estava com problemas. Foi avisado e ignorado", afirmou.

Os dois se apresentaram espontaneamente à polícia.

A cadeira onde Gabriela Yuakay Nychymura, 14, estava sentada chegou a passar por perícia, mas, segundo o delegado Álvaro Santucci Noventa Júnior, não foi dada a devida atenção a ela porque o parque havia dito que o assento estava inoperante.

O brinquedo tem cinco blocos com quatro cadeiras cada um. Segundo o Hopi Hari, no bloco em que Gabriela estava, um dos assentos estava inoperante porque um visitante com braços e pernas longos poderia, eventualmente, passar perto da estrutura de metal que simula a torre Eiffel.

O advogado da família da garota, Ademar Gomes, apresentou à polícia fotos que mostram Gabriela sentada exatamente nessa cadeira.

Uma nova perícia feita ontem mostrou que a trava desse assento oscila e não apresenta cinto de reforço.

"Provavelmente ela ficou flutuando na descida, segurando o colete [a trava] com as mãos, até que, com a frenagem, se soltou", disse Noventa Júnior. "O Vitor percebeu que a trava estava frouxa, mas recebeu ordem para que a operação seguisse."

Segundo o delegado, o funcionário disse que os familiares de Gabriela quiseram sentar próximos uns dos outros e ela ocupou a cadeira que deveria estar inoperante sem ser notada por funcionários.

"Hoje tivemos um cenário completamente diferente do que nos passaram no dia do acidente", afirmou promotor Rogério Sanches Cunha.

Segundo ele, o fato de Gabriela ter ocupado um lugar que não deveria ser usado aumenta o grau de negligência que levou ao acidente. "É bem mais grave do que imaginávamos. Essa menina entrou numa arma, num brinquedo fatal. A investigação agora é de homicídio."

Gabriela morreu após cair a cerca de 25 metros do chão. Testemunhas disseram que a trava do assento dela se abriu.

A mãe da vítima também depôs à polícia ontem. O pai ainda será ouvido. Eles pretendem entrar com ação de indenização contra o parque.

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