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Barbara Gancia

Mulherão?

Se você fosse o Brad Pitt, perderia seu precioso tempo com a ingênua que vimos na noite da entrega do Oscar?

O que a Angelina Jolie quis dizer com aquele pernão de fora e a mão na cintura na noite do Oscar? Eu sei, é uma pergunta ridícula diante da fome na África, da opressão no Irã, da infecção causada pela clitoridectomia generalizada no Chade e no Sudão e no Iêmen também.

Mas a última vez que uma celebridade se expôs a esse grau de imbecilidade foi quando Orson Welles amarrou uma melancia no pescoço e saiu dançando nu com Jorginho Guinle em pleno baile de Carnaval do Copacabana Palace, nos idos de 1953, então não posso deixar passar a oportunidade de esculhambar.

Bem, essa história do Orson Welles pode não ser verdadeira, confesso, mas foi ele que começou com essa mania de espalhar boato, eu só o estou imitando.

O que quero dizer é que não é todo dia que a mulher mais icônica do mundo, a boca mais perfeita, a piloto de avião mais sensual, a esposa mais isto, a mãe mais aquilo, a campeã das causas filantrópicas mais caridosa desde que a princesa Diana se estrepou naquele túnel aparece na frente de 3 bilhões de pessoas fazendo papel de pascácia.

Note que o deslize ocorreu gratuitamente, sem a colaboração de terceiros. Angelina não foi impelida, compelida, ameaçada, empurrada, constrangida ou de alguma forma motivada a chegar diante do público do ex-Kodak Theatre (o "ex" é mais uma contribuição de Steve Jobs ao progresso da humanidade) e fazer aquela pose de "Olha eu aqui, bonita que só, me olhando no espelho".

Mas a imagem, veja a fina ironia, marcou o que se costumava chamar de "momento Kodak". Foi um instante mágico, não se pode negar, daqueles que grudam na cabeça e, mesmo assim, a gente procura para ver de novo no YouTube, feito a primeira vez da Susan Boyle ou as Torres Gêmeas, como que para registrar que de fato aquilo ocorreu.

A mulher com o passe mais valorizado do cinema é uma mula sem cabeça, que faz pose estudada, ufa, que alívio! Exatamente como a gente suspeitava. Pena para ela que isso acabe com o mistério que envolve o conto de fadas.

Outro exemplo: era só o que faltava uma Demi Moore da vida, com seu corpão de campeã de vale-tudo mais um maridão de desfilar pela Times Square, ainda ter miolo e ser feliz para sempre, não? Vinha vindo bem demais da conta aquele casamento duradouro deles, não vinha?

Sempre desconfiei que um dia o público ficaria sabendo que Demi era dona de um par de testículos ou algo bem tenebroso do gênero. Ou que Ashton, na verdade, tinha fugido de um circo tchetcheno depois de cometer vários atos terroristas -a suja verdade tinha de vir à tona um dia.

Dito e feito, ele saiu corneando a mulher a torto e a direito e, de repente, um telefonema para o número 911 (o Samu deles lá) originado da casa da Demi surgiu na internet: "Corram para cá que a mulher fumou uns capins bravos e precisa urgentemente de assistência médica!". Ela desmoronou e saiu de cena.

E Angelina exibidona, rainha da cocada, de mão na cintura e pernil de fora. Alguma coisa ali não se encaixa. Pode ser tudo mentira. Mulher determinada não perde tempo com gestos estudados.

Ashton Kutcher não morria de tesão pela mulher como nos contava. Prefere gente da idade dele, veja só. Vai ver Brad também não acha a Angelina tudo isso. Ora, se você fosse ele, ia perder tempo com a ingênua que vimos na noite do Oscar? Do jeito que está, Angelina perdeu o apelo até para vender rejunte de azulejo. Há sanidade no mundo. Volta, Madonna!

barbara@uol.com.br
@barbaragancia

AMANHÃ EM COTIDIANO
Walter Ceneviva

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