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Ultra vandalismo

DE SÃO PAULO

Los Angeles, Nova York, Paris (só para ficar entre as mais famosas) e, agora, São Paulo. A pichação com extintor, até há pouco restrita a um círculo de iniciados, começa a se espalhar pelo mundo.

"O extintor de incêndio não era popular até pouco tempo atrás", diz o artista americano Krink. Em agosto de 2010, ele cobriu de azul, verde e amarelo a fachada do MIS (Museu da Imagem e do Som), em São Paulo. "Agora, por causa da internet, está se tornando uma tendência mundial no grafite."

Krink tem razão. Basta uma busca no YouTube pela expressão "fire extinguisher graffiti" para encontrar 175 vídeos, a maior parte deles americanos e franceses, que mostram como surgem as letras borradas e escorridas.

O efeito, inevitável, é na verdade um atrativo da técnica. "Tenho feito grandes marcas escorridas sobre superfícies. O extintor foi uma maneira de fazer marcas ainda maiores", continua Krink.

O grafiteiro Chivitz, que além de pintar na rua de São Paulo expõe sua arte na galeria Choque Cultural, acha a técnica "rápida, grande, com uma textura muito bonita, com bolotas, um escorrido".

Krink conta que o extintor começou a ser usado para fazer "tags" (assinaturas) por gangues da cidade americana de Los Angeles nos anos 1990, antes mesmo de se tornar popular entre os grafiteiros que pintam letras.

Krink, que não se considera grafiteiro (grafite e pichação estão associados a ações não autorizadas, ou seja, vandalismo) usa a técnica em seu trabalho desde 2004.

Para os grafiteiros paulistanos com quem a Folha conversou, um dos precursores do extintor foi o nova-iorquino KATSU. Vídeos com seus trabalhos são os primeiros a aparecer em uma busca rápida pela internet.

Quem domina o traço, no entanto, é outro americano, que assina DEMOS. Ele é capaz de produzir com extintor as chamadas "bombs".

São as assinaturas arredondadas com letras coloridas, normalmente contornadas de preto, associadas ao hip hop (movimento norte-americano que combina rap, grafite e a dança break).

O controle no traço só é obtido depois de algumas tentativas frustradas, diz Krink. "Demora um tempo para acertar o tamanho da letra. Um monte de erros horrorosos ocorrem antes de você dominar isso."

A Folha procurou diretores de importantes instituições de arte sediadas em São Paulo para falar sobre o tema. Todos estavam "fora". Outras pessoas do meio artístico com quem a reportagem falou preferiram não comentar o assunto.

(VANESSA CORREA)

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