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Direção de parque pode ser responsabilizada, diz polícia

Segundo operador do Hopi Hari, treinamento resumiu-se à leitura de manual

Advogado afirma que informação sobre assento desabilitado em brinquedo era passada apenas no 'boca a boca'

MARÍLIA ROCHA
DE CAMPINAS

Os operadores do brinquedo La Tour Eiffel, onde uma adolescente morreu no dia 24, não tinham orientação formal para impedir que usuários sentassem na cadeira inabilitada há dez anos.

A afirmação é do delegado Álvaro Santucci Noventa Júnior, que investiga o caso. Segundo ele, a diretoria do parque pode ser responsabilizada pela morte. "Os funcionários eram orientados apenas informalmente sobre o assento, mas ainda iremos checar com o parque", disse.

"De qualquer forma, a regra era de conhecimento de todos e veio de cima para baixo. Até por isso, a responsabilidade não se limita aos operadores, vai se estender a outros níveis da hierarquia."

Gabriella Nichimura, 14, sentou-se em uma cadeira que, segundo o parque, foi preventivamente desabilitada para evitar que um visitante mais alto batesse pernas e braços no brinquedo.

Por falha mecânica, a trava da cadeira estava frouxa, o que possibilitou que a jovem se sentasse, mas não garantiu que a trava permanecesse fechada na descida.

Ontem, o delegado ouviu o depoimento do operador Marcos Antônio Leal, 18.

Segundo Noventa Júnior, ele disse que o treinamento para operar o brinquedo, em que estava trabalhando há 20 dias, resumiu-se a uma leitura de cinco páginas, frente e verso, de um manual.

No manual, não há a informação de que um dos assentos do La Tour Eiffel não poderia ser utilizado pelos visitantes do Hopi Hari.

Para o delegado, o fato de o operador alegar que não conhecia a chave de segurança localizada atrás das cadeiras para liberar as travas em casos de emergência pode mostrar "despreparo".

Os advogados Bichir Ale Bichir Júnior e Vinicius Bichir, que representam Leal e o operador Vitor Ígor de Oliveira, 18, confirmaram que não houve recomendação formal para que os funcionários impedissem um visitante de utilizar aquela cadeira.

"Todos sabiam, mas era pelo boca a boca", afirmou Bichir Júnior. Segundo ele, o manual lido pelos operadores deixa explícito que somente superiores podem paralisar um brinquedo no caso de algum problema.

Cerca de 15 minutos antes de o brinquedo começar a funcionar, Leal notou o defeito na trava dessa cadeira e teria avisado Oliveira, que notificou um supervisor identificado apenas como Lucas.

Eles foram orientados a seguir com as atividades e, segundo o advogado, não notaram que Gabriella havia se sentado no local porque não são responsáveis pelo setor.

Em nota, o Hopi Hari informou que Leal passou por 40 horas de "treinamentos corporativos" e que a trava atrás da cadeira é de uso exclusivo da manutenção, por isso operadores não passam por treinamento para utilizá-la.

O parque, em Vinhedo, está fechado e todos os brinquedos passam por perícia.

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