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PF adotaria mesma posição, afirma diplomata espanhol

Para ele, decisão de barrar idosa foi correta e ocorreria no Brasil em caso similar

Responsável pela embaixada no Brasil diz que brasileiro passa por mesma fiscalização que outras nacionalidades

FLÁVIA FOREQUE
DE BRASÍLIA

A decisão da polícia espanhola de barrar a aposentada Dionísia Rosa da Silva, 77, foi "tecnicamente correta", avalia o diplomata Juan José Buitrago, responsável pela embaixada da Espanha no país.

O governo espanhol impediu a idosa de entrar ao constatar que a filha e o genro dela moram no país irregularmente. Ela ficou três dias retida, só com a roupa de corpo.
"Se uma questão parecida acontecer num aeroporto brasileiro, acho que a Polícia Federal teria adotado a mesma posição", diz o diplomata.

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Folha - A idosa brasileira recebeu um tratamento correto?
Juan José Buitrago - A senhora Dionísia lamentavelmente chegou à Espanha sem cumprir determinados requisitos que não são apenas espanhóis, são europeus.
Se ela reconhece que sua família está na Espanha em situação irregular, infelizmente não está qualificada para ingressar. Se uma questão parecida acontecer num aeroporto brasileiro, acho que a Polícia Federal teria adotado a mesma posição.
A decisão de barrá-la foi tecnicamente correta.

O senhor vê algum tipo de falha no tratamento dado a ela?
Não. Nós temos meios para garantir o bem-estar das pessoas que têm de esperar o voo de retorno.
Evidentemente não é nenhum hotel de luxo, de cinco estrelas. Mas as pessoas têm lá lugar para dormir, camas, três refeições diárias, três salas de banho, atendimento médico, acesso telefônico.
Os não admitidos na Espanha tem os seus direitos plenamente respeitados. Ela falou que foi muito maltratada, eu não concordo.

Esse episódio ocorreu em represália à decisão brasileira de aplicar a reciprocidade das exigências para os espanhóis?
O lamentável incidente da senhora Dionísia nada tem a ver com as medidas que vão ter efeito a partir de 2 de abril.
A questão é que há uma alta sensibilidade na sociedade brasileira [sobre esses casos] e nós temos a melhor disposição em encontrar soluções para este problema.

O cônsul-geral-adjunto do Brasil em Madri, Cícero Garcia, chamou de "via-crúcis" as exigências para entrar na Espanha. O senhor concorda?
Eu não vou comentar as declarações de um colega, é questão de ética profissional.
É preciso que isso fique bem claro: os brasileiros não estão sendo especificamente fiscalizados. Eles têm os mesmos pré-requisitos que argentinos, paraguaios ou uruguaios.
Quando há um tráfego de pessoas tão intenso, é normal que haja pessoas que não tenham os documentos necessários. O que para nós é decepcionante é que só se fala da Espanha. Insisto: a Espanha não é o país que mais barra brasileiros. Mas é o país que tem a pior reputação.

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