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Julio Simões (1928-2012)

O português e sua transportadora

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Aos 12 anos, Julio Simões começou a observar o pai, caseiro de uma quinta, a prestar contas ao patrão. Aos 14 anos, o próprio Julio era quem fazia, sozinho, a função.

Nascido numa aldeia com cerca de 60 habitantes próxima a Coimbra, em Portugal, começou a trabalhar cedo, aos nove anos. Ao longo do tempo, porém, cansou de não ver o esforço recompensado.

Dedicava 18 horas por dia ao serviço, mas, aos domingos, deixava de ir às missas por vergonha -depois delas, os amigos saíam para beber, e ele não tinha dinheiro.

Ficou em seu país até os 23 anos. Um tio, que possuía uma empresa de ônibus no Brasil, mandou-lhe uma carta convencendo-o a se mudar.

Julio veio. Naquele início da década de 50, ajudou o tio por um tempo, como mecânico, depois trabalhou em outra empresa de ônibus e vendeu roupas até conseguir comprar o próprio caminhão.

Em 1956, na paulista Mogi das Cruzes, fundou a Julio Simões -hoje um dos maiores grupos de transporte e logística do país. No começo, transportava produtos hortifrutigranjeiros para o Rio.

Passou por percalços, lembra o filho Fernando: acidentou-se na estrada ao socorrer um veículo da empresa (ficou quatro meses de cama) e sofreu com duas tuberculoses.

Segundo o filho, o pai sempre manteve a simplicidade e passou isso à empresa. Embora afastado nos últimos anos, manteve-se como conselheiro. A Julio Simões tem 18 mil colaboradores e frota de mais de 31 mil veículos.

Morreu de complicações cardiorrespiratórias, aos 84 anos, na quinta-feira (8). Teve cinco filhos e oito netos.

coluna.obituario@uol.com.br

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