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Vizinhos vão à loucura com fumódromos das baladas

Mais do que fumaça, fumantes também fazem muito barulho

Clientes fumam em espaços abertos dentro das casas noturnas; moradores da Frei Caneca reclamam

GIBA BERGAMIM JR.
DE SÃO PAULO

Às 2h de uma quarta-feira, um grupo de 15 pessoas se aperta na varanda de 2 m², que serve de fumódromo, para bater papo e dar suas baforadas no Studio SP, clube da região chamada de Baixo Augusta, no centro.

A poucos metros dali, a promotora de vendas e vizinha dos fundos Solange Bandeira, 30, observa as filhas caindo no sono. Com olheiras profundas, porém, não consegue dormir ao som do blá-blá-blá de quem se diverte na casa noturna.

O barulho é o efeito colateral dos "puxadinhos para fumantes", que se proliferaram nas baladas da cidade.

Construídos nos fundos ou nos mezaninos, os fumódromos a céu aberto foram a saída encontrada pelos donos de casas noturnas para se adaptarem à Lei Antifumo - em vigor desde 2009- e acolher os clientes que não abrem mão de umas tragadas entre uma música e outra.

Alguns são improvisados. Nesses, parte do telhado é retirada, virando "área livre".

Espaços apertados em áreas externas, os fumódromos são disputados em pelo menos cinco casas noturnas visitadas pela reportagem na semana passada.

Além do Studio SP, Vegas, Sarajevo, Beco 203 e Astronete dispõem dos espaços.

DURO É DORMIR

"Olhe as minhas olheiras. Veja se eu durmo bem", diz Solange, que mora numa casa na Frei Caneca, bem atrás do Studio SP e do Beco. Reclamam também os moradores do edifício Serra do Feital, na mesma rua.

O barulho e a fumaça das baladas costumam ser discutidos também nas reuniões do Conseg (conselho de segurança) Consolação.

"Na última terça, não consegui dormir", reclama um morador de um edifício da rua Dona Antonia de Queiroz, cujo apartamento é voltado para o fumódromo do Vegas. Ele, que frequenta a balada nos fins de semana, pede para não ser identificado.

CONTROLE DE ACESSO

Dentro da balada, o problema é outro. "É fila para fumar?", pergunta um jovem enquanto espera a autorização de um segurança para entrar no cubículo a céu aberto do Beco.

Um homem de terno preto controla o acesso para evitar superlotação. Bastam 15 pessoas e mal se consegue levar o cigarro à boca.

Ali, as conversas em tom alto acontecem bem perto dos prédios da rua Frei Caneca, que tem vista direta para um dos puxadinhos.

Os lugares são tão pequenos que alguns afixaram na parede o limite máximo. No Studio SP só cabem 18.

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