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Fumantes também reclamam, mas por serem excluídos

DE SÃO PAULO

Enquanto os vizinhos das baladas se incomodam com o barulho que vem dos fumódromos a céu aberto, os fumantes também se queixam.

O problema não é o som alto ou a fumaça alheia, mas a forma como dizem se sentir: apartados do resto das pessoas. "A gente se sente excluído. Ficamos isolados num cubículo para poder fumar", diz o estudante de direito André Dacca, 19.

Para dar suas baforadas, apertado entre os demais fumantes numa área de 2 m², ele, os amigos e o irmão abriram mão de uma parte do show da banda de punk rock que tocava no clube Beco.

Uma porta separa a área interna do setor dos fumantes. A armação da cobertura, sem as telhas, mostra que o espaço foi improvisado.

CERCADINHO

No Astronete, também na Augusta, um pequeno quintal reúne quem não consegue passar muito tempo sem dar umas tragadas. Apesar de pequeno, o espaço é disputado.

"Mas é melhor assim do que ficar em cercadinhos na rua. Do lado de fora, muitas vezes não tem lugar para jogar a bituca", diz a estudante de jornalismo Mariane Ribeiro, 23, enquanto fuma com a amiga Vivian Salvador, 29.

Os cercadinhos são áreas reservadas nas calçadas, separadas por cordas ou correntes do resto das pessoas. Também são bastante comuns nas casas noturnas da cidade.

"Os fumantes viraram excluídos, quase criminosos na noite", reclama a estudante.

Dono do Astronete, Claudio Medusa diz que o fumódromo não foi criado, já que o imóvel tinha uma área livre. "Nós apenas aproveitamos o espaço, que virou um lugar que incentiva os romances, já que todos ficam bem pertinho", afirmou ele, que diz nunca ter recebido queixas.

Até a última sexta-feira, o site oficial da Lei Antifumo informava que "nenhum tipo de fumódromo estava autorizado nas casas noturnas".

A Secretaria de Saúde, que fiscaliza o cumprimento da lei, afirma, porém, que os fumódromos são permitidos nesses locais desde que seja a céu aberto e haja provas de que a fumaça se dissipa.

Segundo a secretaria, os pedidos para abertura são analisados caso a caso e deve haver um projeto arquitetônico que comprove que o espaço é isolado.

Embora sejam comuns as manifestações de quem mora perto das casas, a Secretaria das Subprefeituras diz não ter recebido queixas recentes.

Na última sexta-feira, a Folha enviou e-mails para as casas noturnas visitadas.

A assessoria de imprensa do Studio SP disse que não comentaria. O Beco 203 e o Vegas não responderam aos e-mails enviados. A reportagem não localizou representantes do Sarajevo.

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