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Imprudência de ciclista poderia ter matado meu filho, afirma Eike

Empresário diz que acusações são injustas e que Thor 'fez tudo o que um cidadão honrado deve fazer'

Ele afirma que tem mantido contato com a família do ciclista e que prestará assistência: 'Nós somos assim'

MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA

O empresário Eike Batista diz que o acidente com seu filho Thor ocorreu por imprudência do ciclista, que morreu.

O jovem, em seu Twitter, afirmou que dirigia com cuidado e que "repentinamente" um ciclista atravessou do acostamento em sua direção.

"Me recordo que Wanderson empurrava a bicicleta com o pé esquerdo no chão. Sentado, porém, no banco da bicicleta", escreveu. "A frenagem trouxe o carro de 100 km/h até 90 km/h, até o momento da colisão apenas, infelizmente."

Abaixo, um resumo da conversa com Eike:

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Folha - O sr. disse no Twitter que o ciclista foi imprudente.
Eike Batista - A imprudência do ciclista causou, infelizmente, a sua morte. Mas podia ter levado três pessoas [Thor e o amigo que estava com ele no carro].

O que aconteceu?
Meu filho Thor foi almoçar em Itaipava. Voltou às 19h30. Ele estava a 110 km/h. E na cara dele apareceu um ciclista que estava na segunda faixa.
Thor estava na esquerda. O ciclista não deveria estar em lugar nenhum porque ali é uma via de alta velocidade. Você vai dizer: o governo tem que botar uma passarela ali. Aí já é outra discussão.
Mas uma autoestrada é um lugar em que o pedestre tem que prestar atenção. A vítima obviamente é a pessoa que faleceu. Mas vítima é o Thor também, né? Até pelo julgamento que estão fazendo aí, que é uma injustiça.
Ele fez tudo o que um cidadão honrado deve fazer. Prestou socorro, fez declaração de próprio punho, bafômetro. Ele não bebe. Foi exemplar, razão de orgulho.

O sr. tem segurança de que ele estava na velocidade certa?
Absolutamente. Isso vai ser provado.

Ele tem vários pontos na carteira por excesso de velocidade.
Ele tinha um carro de SP, ele não foi comunicado de quantos pontos tinha. Na cidade, a velocidade é de 60 km, se andar a 70 km já sou multado. Não vamos confundir as coisas. Quero ver o cidadão brasileiro que pode atirar a primeira pedra, que sabe, nesse sistema, quantos pontos tem na sua carteira.

Como recebeu a notícia?
Me ligaram dizendo "aconteceu um acidente com o seu filho". É horrível. Comentaram que tinha uma vítima.
Aí a gente fica mais apavorado. Tudo passa pela cabeça. Você liga o dispositivo de administração de crise. Começa a ligar, a se informar. Os seguranças do Thor me contaram o que tinha acontecido. Logo em seguida, ele me ligou. Aí foi um espetáculo, né?

Não sabia se ele estava bem?
Lógico que não. É como falei: a imprudência podia ter causado a morte de três pessoas. Tem de botar uma passarela para as pessoas não passarem ali em hipótese nenhuma. Mas isso é aquele negócio, o Brasil é grande, não tem recursos para colocar barreiras, sinalização.
Poderia ser um cavalo. Muitas vezes você quer desviar pra salvar o cachorro. Tenho amigos que faleceram assim. Deus foi grande. No fundo, o julgamento é de quem cometeu a imprudência, concorda?

Thor não chegou a desviar?
Não, não. O amigo dele disse "bateu", e aconteceu.

A família diz que o carro bateu de frente e que o coração do ciclista entrou no carro.
A pessoa, quando bate em você, é que nem uma bala de revólver que entra pelo seu carro adentro. Para você ter uma ideia, os airbags não foram acionados. O Thor está cheio de vidro. O corpo da pessoa foi parar entre o meu filho e o amigo.
O triste é que as pessoas acham que a arma letal é o carro. O pedestre, no lugar errado, se torna a arma letal para quem está dentro do carro.

Como está o contato com a família do ciclista?
Direto. Eles vão dizer que o Thor estava no acostamento. Impossível. Como, numa linha reta? A marca do carro está na segunda faixa. Aí é interesse do advogado do outro lado de querer criar história.
Apesar de considerarmos que foi imprudência do rapaz, vou prestar assistência à família. Nós somos assim.

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