Índice geral Cotidiano
Cotidiano
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Atingidos por desabamento querem ajuda do governo

Grupo pede R$ 6 mi ao Estado do Rio para poder retomar atividades

Empresas, escritórios e profissionais liberais têm ajuda de amigos e até de concorrentes para seguir trabalhando

ITALO NOGUEIRA
DO RIO

Dois meses após o desabamento de três prédios no centro do Rio, as empresas, escritórios e consultórios que ali funcionavam aguardam ajuda para se reerguer.

Um grupo pediu um financiamento de R$ 6 milhões ao governo do Estado para apoiar a volta às atividades.

Após o acidente, muitas empresas e profissionais liberais contaram com auxílio de amigos, clientes e até concorrentes para manter as atividades. Mas, além das dificuldades financeiras, a burocracia em razão da falta de alguns documentos atrasou a solução dos problemas.

O dentista Antônio Molinaro remontou o consultório dentário no centro com equipamentos doados por amigos e alunos. "Investi R$ 450 mil naquele consultório. Só mesmo com ajuda para seguir."

A mesma dificuldade teve o advogado Orlando Pavan, diretor de uma empresa de eventos. Ele e a sócia venderam os carros e um apartamento e contraíram empréstimos para remontar o escritório no centro da cidade.

"Além da dificuldade financeira, há a dificuldade burocrática para conseguir agilizar tudo. Faltam documentos básicos, como notas fiscais, certidão de nascimento, diploma da faculdade... A única forma para se reestruturar hoje é funcionar devendo a alguém", disse Pavan.

Por meio da Associação de Vítimas da Treze de Maio, 17 empresas pediram ao Investe Rio, agência de fomento do governo estadual, uma linha de crédito com "condições favoráveis" aos atingidos pelo desabamento. O órgão analisa o pedido. Cerca de 30 empresas funcionavam no local.

Até mesmo a TO (Tecnologia Organizacional) -empresa que fazia reforma em um dos andares do edifício Liberdade e se tornou uma das suspeitas de causar o acidente- conseguiu voltar à atividade com apoio de clientes, amigos e até concorrentes.

"Empresas amigas cederam espaço por um tempo para trabalharmos. Mas a nossa principal perda é o capital humano", disse o diretor-presidente da empresa, Sérgio Alves. A empresa hoje funciona em um andar de outro prédio, também no centro. Ela não foi incluída no pedido de financiamento da associação.

Sob os escombros, já foram encontrados documentos, cartões de crédito, fotografias, pen-drives, discos de memória e um cofre, mas tudo, de acordo com a associação, sem condições de uso.

Segundo a Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana), ao fim dos trabalhos, previsto para abril, será coordenada a devolução dos objetos aos seus donos.

INVESTIGAÇÃO

O inquérito e o laudo da polícia sobre o acidente, em que 18 pessoas morreram e três estão desaparecidas, não foram concluídos. Toda a investigação foi repassada à Polícia Federal, por causa dos pequenos danos causados no prédio do Theatro Municipal.

À Justiça chegou apenas a acusação contra o dentista Molinaro por difamação contra um bombeiro. Na terça-feira, haverá audiência sobre o processo, aberto após Molinaro acusar o militar de roubar objetos dos escombros.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.