Índice geral Cotidiano
Cotidiano
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Contrato de comida de hospital é investigado

Inquérito policial apura indícios de pagamento de propina para renovação de acordos com Prefeitura de São Paulo

Empresa fornece alimentação para hospitais desde 2003; prejuízo estimado é de quase R$ 1 milhão

Rubens Cavallari - 11.out.2010/Folhapress
Fachada do hospital Dr. Arthur Ribeiro de Saboya, da autarquia regional do Jabaquara
Fachada do hospital Dr. Arthur Ribeiro de Saboya, da autarquia regional do Jabaquara

TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO

A Polícia Civil de São Paulo abriu um inquérito para investigar indícios de que gestores de hospitais municipais da capital receberam propina para renovar contratos com uma empresa que fornece alimentação hospitalar.

A estimativa dos investigadores é que tenham sido desviados ao menos R$ 978 mil nas gestões José Serra (PSDB) e Gilberto Kassab (PSD).

A investigação foi aberta na semana passada pela 2ª Delegacia de Crimes contra a Administração, a partir de um relatório elaborado pelo Gedec (Grupo Especial de Repressão aos Delitos Econômicos) do Ministério Público.

O relatório traz documentos e depoimentos de pessoas envolvidas no suposto esquema. Elas dizem que, de 2005 a 2008, funcionários de três autarquias hospitalares, responsáveis por 16 hospitais e prontos-socorros municipais, receberam 5% do valor de cada contrato renovado com a empresa SP Alimentação.

Suspeitas recaem sobre funcionários das autarquias do Jabaquara (com três hospitais), de Ermelino Matarazzo (com sete hospitais) e do Campo Limpo (com seis).

As investigações do Ministério Público, repassadas para a polícia e obtidas com exclusividade pela Folha, fazem parte do mesmo inquérito que denunciou 35 pessoas pela "máfia da merenda".

A SP Alimentação foi uma das empresas denunciadas.

TABELA

Durante as investigações da "máfia da merenda", os promotores encontraram entre os documentos apreendidos na casa dos funcionários da SP Alimentação uma tabela que indicava o pagamento mensal de 5% do contrato para "hospitais da SMS [Secretaria Municipal da Saúde]".

Também foram encontrados recibos com o logotipo da empresa e rubricas de um dos diretores indicando supostos pagamentos para autarquias.

Um dos recibos, por exemplo, dizia: "Campo Limpo, renovação contratual" e valores de três parcelas, de R$ 25 mil cada, com datas ao lado -de novembro e dezembro de 2007 e janeiro de 2008.

Em dezembro de 2007, um despacho da autarquia prorrogou e reajustou o contrato com a SP Alimentação.

Levantamento feito pelo TCM (Tribunal de Contas Municipal) a pedido da Folha mostra que a SP Alimentação mantém contratos com as autarquias municipais de saúde desde 2003, quando a gestão era de Marta Suplicy (PT).

As autarquias regionais foram unificadas em 2008 e se transformaram na Autarquia Hospitalar Municipal.

Desde 2003, os contratos vêm sendo renovados. Atualmente, há contratos firmados até 2013. Os cofres municipais já pagaram R$ 79 milhões à empresa para serviços de alimentação hospitalar.

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.