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Análise

O problema é a persistência de índices nada civilizados

JOSÉ DOS REIS SANTOS FILHO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Não existiriam motivos para grandes discrepâncias nas taxas de criminalidade entre Rio e São Paulo. Até onde os principais indicadores podem dizer alguma coisa, são Estados com alto desempenho econômico e social.

Ocorre que a eficácia explicativa das hipóteses que atribuem ao desenvolvimento socioeconômico a disseminação da criminalidade é relativa. Prova é a persistência de ocorrências em níveis nada civilizados. É o que obriga traçar outros caminhos explicativos.

Assim, à primeira vista, é plausível imaginar que teriam surtido efeitos os investimentos realizados nos últimos anos pelos governos paulistas em tecnologia voltada para a área policial. Movida por ela, a eficácia na resolução dos crimes teria permitido uma queda na subnotificação que, por sua vez, estaria dando visibilidade mais adequada ao número real, por exemplo, de crimes contra o patrimônio.

Da mesma forma, é possível acreditar que a guinada de racionalidade dada pela política de segurança no Rio, que inclui o "choque de ordem" e a implantação das UPPs, tenha colaborado com a redução dos furtos e roubos.

Sedutores, esses vieses de explicação não eliminam o vazio cognitivo persistente entre o que os números informam e as causas para suas mudanças. Mais a mais em se tratando de duas realidades bastante diferenciadas internamente. E, dado que não pode ser esquecido, duas realidades com ligações cada vez mais extensas e intensas, inclusive nas redes de criminalidade.

JOSÉ DOS REIS SANTOS FILHO é sociólogo e coordenador do Núcleo de Estudos sobre Situações de Violência e Políticas Alternativas da Unesp

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