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'Em nome de Deus', Bar Léo vai reabrir, diz gestora

Casa foi fechada por vender chope Ashby dizendo que era Brahma

Gerente preso por crime contra o consumidor foi solto no sábado; estabelecimento está com dívidas, diz polícia

GIBA BERGAMIM JR.
DE SÃO PAULO

"O Bar Léo vai reabrir, em nome de Deus", diz Madir Milan, 77, gestora do estabelecimento que fazia sucesso pelo chope cremoso desde 1940 no centro da cidade, mas que caiu em desgraça ao ser fechado pela polícia na sexta.

Em vez de servir aos clientes o chope Brahma que anunciava com tanto orgulho, os garçons estavam entregando o de outra marca, Ashby, mais barata.

"Vou resolver tudo e vamos reabrir. Todos sabem da história do bar. Não vamos ganhar uma fama que não temos", disse ela sobre o episódio. À polícia ela admitiu que houve a troca do produto.

GATO POR LEBRE

Não haveria crime se o bar colocasse nas mesas e no balcão o que realmente prometia. "Não estou aqui para falar da qualidade do chope, mesmo porque não bebo, mas o que eles fizeram é crime contra o consumidor", disse o delegado Marcelo Jacobucci, que prendeu o gerente Nilson França de Souza, 34. Ele foi solto no dia seguinte.

O ditado "comprar gato por lebre" cai bem nesse caso, diz o policial. Além disso, segundo a polícia, havia produtos vencidos prestes a serem servidos a clientes.

Com a prisão, o policial surpreendeu os frequentadores que lotavam a calçada na esquina entre as ruas Aurora e dos Andradas.

Até o pai do delegado, o advogado Eliseu Jacobucci, 75, está acostumado a degustar o chope gelado do bar. "Ele me ligou perguntando: 'Filho, é isso mesmo? Não me conformo'", disse o delegado.

ENDIVIDADOS

A maneira encontrada para gastar menos na compra e, assim, lucrar mais foi uma estratégia desesperada para saldar dívidas, segundo a apuração da polícia. Tanto Madir quanto o gerente preso confirmaram que o bar enfrenta uma crise financeira.

Cliente há 15 anos, um advogado, estranhou o sabor do chope na semana passada e questionou. Ouviu dos próprios funcionários que a marca havia mudado. Deixou o chope e correu à delegacia.

Segundo o advogado do bar, Edson Vitorello, o local vai agora buscar resolver as pendências. "Primeiro, nossa preocupação era conseguir a liberdade do gerente, que é um trabalhador ", afirmou.

Dono de uma rede bares, entre eles o Original e o Pirajá, Edgar Bueno da Costa, lamentou o fechamento. "Quando abrimos abrimos o Original, fizemos uma homenagem ao Bar Léo, que nos inspirou. Torço para que reabra", disse ele, que é freguês.

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