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Após 2 anos, famílias do morro do Bumba aguardam solução

Em 2010, 48 pessoas morreram soterradas no local, em Niterói; moradores estão em abrigo e casas condenadas

3.200 famílias recebem aluguel social; segundo o município, foi pedida a inclusão de outras 2.404 no benefício

ITALO NOGUEIRA
DO RIO

Do quintal de seu barraco, a dona de casa Patrícia Alves Luciano, 50, vê o buraco onde antes existia a favela do morro do Bumba, em Niterói.

O local, no bairro Viçoso Jardim, hoje é um grande gramado com um pequeno espaço de lazer para as pessoas.

Para os moradores, parece ser a única providência do poder púbico, dois anos após 48 pessoas morrerem soterradas na chuva que desfez o antigo lixão sobre o qual viviam.

A casa de Patrícia, no topo do Bumba, está condenada. Mas é ali que a dona de casa aguarda a construção de um novo local para morar.

Ela recebe R$ 400 de aluguel social pago pelo Estado.

"Procuramos casa, mas ninguém acha com esse valor. Decidimos ficar aqui. Quando chove a gente vai para São Gonçalo [cidade vizinha], para a casa de parentes", contou ela.

A alguns quilômetros dali, 720 pessoas seguem vivendo em antigo Batalhão de Infantaria do Exército. Aguardam unidades habitacionais a serem construídas pelo Estado ou pela Prefeitura de Niterói.

"Tem bagunça, entra e sai à noite, briga. É muita gente diferente no mesmo espaço. Quando viemos para cá, disseram que seria por apenas seis meses. Eu ainda acredito [que ganhará uma casa], mas é para hoje, para amanhã, para nunca", diz o biscateiro José Soares Lino, 56, ex-morador do Bumba. Ele vive num quarto com a mulher, cadeirante vítima de AVC.

As chuvas de 2010 deixaram em toda Niterói 7.200 famílias desabrigadas. Apenas 3.200 recebem aluguel social, segundo a prefeitura e o governo do Estado. A Defensoria Pública acompanha cerca de 300 ações de famílias pedindo aluguel social.

ESTADO E PREFEITURA

O município afirma que solicitou a inclusão de mais 2.404 famílias no benefício. O Estado diz que a prefeitura não envia dados suficientes para que recebam os R$ 400. Aponta ainda que falhas na distribuição do aluguel social obrigaram a prefeitura a devolver R$ 1 milhão ao Estado.

"A situação ainda é muito instável para os atingidos. O poder público não tomou nenhuma ação definitiva para resolver a situação deles", diz o defensor público Francisco Horta Filho, coordenador do Núcleo de Terras e Habitação.

Após dois anos, apenas 106 famílias conseguiram casa, de acordo com a prefeitura e o governo do Estado. Este mês serão entregues outras 180 unidades -cuja previsão de conclusão inicial era em fevereiro de 2011. Há projeto para mais 2.600 pelo Minha Casa Minha Vida, sem previsão de entrega.

A Polícia Civil ainda não concluiu o inquérito que investiga as responsabilidades criminais do caso.

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