'Semana do baseado' reúne 50 na USP

Cerca de 50 estudantes atenderam ontem à noite ao chamado da autodenominada Frente Uspiana de Mobilização Antiproibicionista, a Fuma, e foram ao prédio da FFLCH, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, na zona oeste de São Paulo, acender grossos cigarros feitos de orégano.

O inusitado fumacê, que conferiu ao prédio didático ares de pizzaria, visava "marretar os muros de hipocrisia que escondem os comportamentos criminalizados", conforme a chamada "Nota de esclarecimento da Fuma".

Para quem ainda não entendeu, o grupo quer o direito de fumar "todas as drogas, em todas as partes do Brasil e do mundo", maconha inclusive. E na USP também.

Maconha é um assunto sério no campus. No final do ano passado, três alunos da FFLCH foram detidos pela PM quando fumavam um baseado que não era de orégano.

Revoltados com a repressão, colegas dos três enfrentaram a polícia. Logo depois, um grupo de estudantes invadiu a reitoria da universidade para protestar contra a presença da PM por ali.

O pessoal que ontem fumava orégano levou um pacotão de 200 gramas (R$ 5) da erva preferida das saladas de tomate. E sofreu tragando a fumaça que, "em vez de barato, causa mesmo é uma baita dor de cabeça", conforme assegurou um degustador.

A "Nota de esclarecimento da Fuma" afirma que a "Semana da Barba, Bigode e Baseado", nome oficial da programação "lúdico-libertária", deve se encerrar na sexta como uma "apologia do debate".

Apesar disso, nenhum dos manifestantes concordou em falar abertamente com a reportagem. Todos disseram temer represálias da polícia e dos órgãos administrativos da USP.

'MELHOR BASEADO'

Entre as atividades que também seriam desenvolvidas, constava uma gincana para ver quem conseguia enrolar mais rapidamente e na forma mais perfeitamente cilíndrica o melhor baseado -sempre de orégano, diga-se.

Também estava prevista a realização de um concurso de paródias de músicas sobre o tema da descriminalização das drogas.

Indiferentes ao evento, as aulas prosseguiam normalmente em todas as unidades da USP. A assessoria de imprensa da universidade afirmou que a reitoria não se manifestaria sobre o assunto.