Índice geral Cotidiano
Cotidiano
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Pier Luigi Grandi (1934-2012)

Piero, o precursor das cantinas italianas

LUIZA FECAROTTA
DE SÃO PAULO

Nascido em Gênova e criado na Toscana, Pier Luigi Grandi chegou ao Brasil nos anos 50 num navio cargueiro.

Depois de tirar expressos num café da avenida São João, foi trabalhar no salão do clássico Giovanni Bruno como garçom. De lá, foi um pulo até abrir o primeiro negócio, a cantina do Piero, apelido pelo qual era conhecido.

Em toda a sua vida, abriu 11 restaurantes e ficou conhecido como o grande precursor das cantinas italianas.

Na década de 80, circulava pelo salão e guardava todos os pedidos dos clientes de cabeça. Também nunca foi à cozinha. Com o seu português "italianado", esbravejava, sempre de bom-humor, e recebia pessoalmente todos os fregueses na porta.

Fazia graça na hora de dar nome aos novos pratos. O raviolone recheado de marisco, de camarão e de lula foi batizado de "macalu", as primeiras sílabas dos três frutos do mar, conta o filho Tullio, 51.

Comia sempre num de seus restaurantes. Gostava de tudo, mas tinha predileção pelo espaguete à carbonara, preparado apenas com gema de ovo, pimenta-do-reino e "pancetta", e pela famosa bisteca à fiorentina, grelhada com batatas, brócolis e alho.

Aposentado desde 1995, passou o comando dos negócios aos filhos gêmeos, a quem ensinou as receitas antigas -como a do rocambole à moda, uma massa verde recheada de mozarela e presunto ao molho rosé e bacon, gratinado com queijo Catupiry, uma das primeiras a entrar no cardápio do restaurante.

Hoje, a cantina da rua Haddock Lobo é a única que permanece sob comando da família, daí o "il vero" do nome -"o verdadeiro", em italiano.

Morreu no dia 2, aos 78 anos, de traumatismo craniano decorrente de uma queda.

coluna.obituario@uol.com.br

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.