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Brasil quer que Irã torne oficial saída de diplomata

Funcionário é suspeito de abusar de crianças

SAMY ADGHIRNI
DE TEERÃ

O governo brasileiro espera do Irã que comunique oficialmente a retirada do diplomata acusado de molestar meninas com idades entre 9 e 15 anos na piscina de um clube em Brasília (DF).

Caso a embaixada iraniana não formalize a saída do funcionário, que viajou para Teerã após a repercussão das acusações, o Itamaraty pretende declará-lo persona non grata, medida extrema nas relações diplomáticas.

Segundo a Folha apurou com fontes diplomáticas, o governo consideraria "ofensiva" qualquer atitude iraniana que não fosse a remoção definitiva do acusado.

Se decidir acatar o pedido do Itamaraty, o Irã deverá suspender o credenciamento do diplomata com o governo brasileiro. Por enquanto, ele foi transferido de volta ao seu país, junto com a mulher e os filhos, mas continua oficialmente em missão no Brasil.

O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, anunciou ter enviado uma carta à embaixada iraniana cobrando explicações sobre o incidente ocorrido no dia 15 no Clube da Vizinhança, em área nobre de Brasília.

O diplomata foi denunciado por meninas que o acusaram de promover na piscina uma brincadeira na qual tocava suas partes íntimas. Após escapar por pouco de ser agredido por familiares das garotas, ele foi levado a uma delegacia, mas acabou liberado por se beneficiar da imunidade diplomática.

A Convenção de Viena prevê que diplomatas não podem ser julgados por crimes cometidos durante missão no exterior.

OUTRO LADO

A Embaixada do Irã em Brasília divulgou nota em que nega supostos abusos e sustenta que a polêmica é fruto de um mal-entendido causado por "diferenças culturais" não especificadas.

O comunicado irritou o Itamaraty, que julgou seu teor "estapafúrdio", pois, no Irã, homens e mulheres não podem nem sequer nadar numa mesma piscina. O caso foi até agora ignorado pela mídia estatal de Teerã, mas chegou ao conhecimento da população local por meio da internet e dos canais de TV por satélite.

O incidente ameaça esfriar ainda mais as relações entre Brasil e Irã, em declínio desde o início do governo Dilma, no ano passado. A presidente criticou Teerã por supostas violações de direitos humanos e interrompeu a participação nas negociações sobre o programa nuclear iraniano.

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