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Irã diz que vai investigar diplomata acusado de abuso

Após pressão do Brasil, governo mudou tom e criticou, pela 1ª vez, seu funcionário

Iraniano é acusado por pais de ter tocado em partes íntimas de meninas em piscina de clube em Brasília

SAMY ADGHIRNI
DE TEERÃ

O governo do Irã criticou ontem pela primeira vez seu diplomata acusado de abusar de crianças numa piscina de Brasília e anunciou uma investigação sobre o caso.

A mudança de tom ocorre após o Itamaraty exigir posicionamento mais firme contra o funcionário Hekmatollah Ghorbani, sob pena de afetar a relação bilateral, em declínio desde o fim do governo Lula.

"Para começar, não aceitamos que esta pessoa tenha estado numa piscina mista", disse ontem o porta-voz da Chancelaria de Teerã, Ramin Mehmanparast. Ele se referia à lei iraniana -à qual diplomatas são submetidos mesmo fora do país-, que proíbe homens e mulheres juntos em piscinas.

"Consideramos que foi uma violação disciplinar e, portanto, ele foi interrogado e estamos analisando o caso, que será tratado conforme as regras de disciplina do [nosso] Ministério das Relações Exteriores."

O porta-voz, porém, acusou a mídia ocidental e árabe de explorar os fatos, ocorridos há dez dias, para prejudicar as relações entre Brasil e Irã.

O governo brasileiro ficou irritado com a reação inicial das autoridades iranianas ao incidente, no qual Ghorbani foi acusado por pais de tocar as partes íntimas de meninas entre 9 e 15 anos num clube de classe média alta de Brasília.

Levado à delegacia, ele negou as acusações e foi liberado já que, como diplomata, tem imunidade contra processo e julgamento no exterior.

A Embaixada do Irã divulgou comunicado atribuindo o mal-estar a "diferenças culturais". Em Teerã, funcionários iranianos alegaram que Ghorbani estava apenas ensinando crianças a nadar.

A Folha publicou na segunda-feira que a cúpula do Itamaraty considerou a resposta iraniana "estapafúrdia" e exigiu que o Irã comunicasse oficialmente a saída de Ghorbani da missão em Brasília.

O diplomata viajou às pressas para Teerã, mas continua credenciado junto ao governo brasileiro. Não está claro se o Irã já oficializou sua remoção.

O Irã, sob pressão internacional por causa do programa nuclear, busca manter boas relações com o Brasil. Lula empenhou-se para aliviar a tensão; Dilma distanciou-se.

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