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De dia política / De noite prisão

Vereador de Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul, é condenado por tráfico de drogas, mas ainda exerce mandato

SÍLVIA COSTA

Condenado a 14 anos e seis meses de prisão por tráfico de drogas, o vereador Joanir Subtil Viana (PMDB), 45, retomou ontem seu lugar na bancada da Câmara Municipal de Ponta Porã (MS).

Depois de se ausentar das sessões por quase três anos -período em que esteve preso-, conseguiu voltar em razão de uma progressão para o regime semiaberto.

Ele é obrigado a se apresentar às 20h e a dormir no presídio local todos os dias.

Eleito pela primeira vez em 2008, com 1.111 votos, Viana acabou preso em uma operação da Polícia Federal realizada em 2009, quando 93,2 quilos de cocaína foram encontrados em sua fazenda, localizada na fronteira do Brasil com o Paraguai.

Segundo o Ministério Público, o vereador Viana era "grande articulador da aquisição e da venda de carregamento de cocaína".

Na época, o vereador foi levado para um presídio em Dourados (MS), onde permaneceu por oito meses, mas não perdeu sua cadeira no Legislativo local.

Segundo a Câmara de Ponta Porã, Viana pediu licença de suas funções para tratar de "assuntos pessoais" e abriu mão da remuneração mensal de R$ 4.900.

A condenação dele, que previu inicialmente prisão em regime fechado, foi dada em 5 de maio de 2010.

Depois de conquistar os benefícios do regime semiaberto, no dia 9 deste mês, Viana voltou para o Legislativo de Ponta Porã em razão do "clamor popular", segundo seu advogado, Elton Jacó Lang.

O advogado afirma que um dos argumentos para que ele passe os dias em liberdade é o fato de ele ter uma "atividade lícita".

OUTRAS FUNÇÕES

Além de vereador, Viana é produtor rural e proprietário de uma loja revendedora de pneus em Ponta Porã.

Apesar de ainda depender de um recurso apresentado ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) para anular seu julgamento, Viana afirmou que tem intenção de concorrer à reeleição ao cargo neste ano, segundo o advogado.

Ontem, durante a realização da sua sessão de retorno, Viana inicialmente não discursou e fez um pedido formal ao governador do Estado, André Puccinelli (PMDB), para que reative um posto da Polícia Militar no município.

Seus colegas, porém, não prepararam uma recepção acolhedora. A pedido de um companheiro de partido, a Câmara aprovou a abertura de um processo de cassação contra Viana por quebra de decoro parlamentar.

Depois de o processo ter sido aprovado, o vereador Viana voltou à tribuna e disse que se tratava de "um dia muito especial" e que "nunca perdeu a confiança".

Afirmou ainda que sua "maior riqueza" é "poder trabalhar por uma sociedade mais justa e mais digna".

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