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Sentido obrigatório

A frota de motos aumenta no país, as mortes mais ainda; impedir o que virou uma tendência exige do poder público medidas impopulares, mas necessárias, afirmam especialistas

DE SÃO PAULO

Impedir que mais motociclistas morram no trânsito exigirá a adoção de medidas impopulares -e necessárias- por parte dos governantes, afirmam especialistas.

Entre essas medidas estão restringir a circulação de motos entre os carros, endurecer as regras para obtenção da habilitação e fiscalizar de modo firme os motociclistas.

As duas primeiras atribuições são do governo federal; a fiscalização cabe aos Estados e aos municípios.

Uma medida do problema é apresentada no "Mapa da Violência 2011", do Instituto Sangari. Entre 1998 e 2008, a frota de motos cresceu 368,8% no país, já as mortes de motociclistas aumentaram 505,5%. Ou seja, os óbitos tiveram alta maior do que a da frota.

Dados divulgados anteontem pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) mostram que as mortes de motociclistas crescem em São Paulo, enquanto as de pedestres, ciclistas e motoristas caem.

"Os governantes precisam botar limites. Tem que ser antipático. Senão, não resolve", diz Ailton Brasiliense Pires, presidente da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos). Além dele, a Folha ouviu Horácio Figueira, consultor de trânsito, e Sergio Ejzenberg, perito em acidentes de trânsito e mestre em transportes pela Poli-USP.

Segundo eles, corredores exclusivos não funcionam porque as motos mudam de faixa para fazer conversões.

A CET diz que deixou de lado os planos para os corredores pois eles não reduziram o número de mortes.

Pires defende, além do aumento da carga teórica na formação dos condutores, o uso de simuladores. O primeiro item deve ser acatado pelo Conselho Nacional de Trânsito em agosto, segundo o órgão. Uma das propostas é subir de 20 horas para 40 horas.

Pires e Figueira dizem que é preciso proibir a circulação de motos nos corredores, item que consta no Código de Trânsito Brasileiro, mas foi vetado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em 1997.

Eles defendem o aumento da fiscalização nas madrugadas, finais de semana e na periferia. A CET e a PM dizem que fiscalizam a cidade toda. A CET diz ainda que intensificou o trabalho na periferia. Nos finais de semana, diz, são feitas cerca de 3.000 autuações.

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