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Flávio Vespasiano Di Giorgi (1933-2012) Popular professor de cultura geral ESTÊVÃO BERTONIDE SÃO PAULO Um ex-aluno sentia tantas saudades de ouvir Flávio Vespasiano di Giorgi declamar poemas em sala de aula que, há alguns anos, levou o antigo professor a um estúdio para registrar sua voz em CD. Flavião, como o conheciam, saiu de Sorocaba criança, mas dos dez aos 16 voltou à cidade para fazer seminário. A mãe o queria padre -o que ele não foi, embora tenha continuado muito católico. Assim que retornou a São Paulo, aos 16, entrou em letras clássicas na USP. Na época, conheceu a mulher, a professora e poetisa Maria Edith. Após se formar, foi dar aulas na Unesp de Rio Preto. Em 1964, acabou cassado, preso e processado por sua atuação política. Fez o que dava para se sustentar: lecionou até leitura dinâmica. Em 1966, foi contratado pelo colégio Santa Cruz e pela PUC. Nos anos 60, dirigiu o Sedes Sapientiae. Com seu jeito de "físico louco" e visual desleixado, tornou-se popular. Muito culto e carismático, sabia 17 línguas e 300 poemas de cor. O colunista da Folha Marcelo Coelho, aluno de Flávio nos anos 70, lembra que não se sabia o que esperar daquelas aulas de "cultura geral". No Santa Cruz, para divertir os alunos, declamava "Tabacaria", de Fernando Pessoa, chamando à sala o bedel Esteves, cujo nome aparece no final do poema. O diretor-geral do colégio, Fábio Aidar, conta que o professor, que também ensinou na USP, se emocionava nas declamações. Em 1990, descobriu um tumor cerebral. Sua saúde piorou a partir de 2009. Morreu ontem, aos 79, de falência de órgãos. Teve cinco filhos e sete netos. O enterro será hoje, às 9h, no Gethsêmani, em SP. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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