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Outro lado

Dinheiro vem de negócio e herança, afirma advogado

Defensor sustenta que rendimento de estacionamento no Morumbi ajudou cliente a construir patrimônio

DE SÃO PAULO

Hussain Aref Saab, ex-diretor do setor responsável pelas aprovações de empreendimentos imobiliários de médio e grande porte em São Paulo, não quis falar com a Folha sobre o crescimento de seu patrimônio. Afirmou estar com a saúde debilitada.

O advogado do ex-diretor do departamento municipal é Augusto de Arruda Botelho, da equipe do ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos.

Primeiramente, Botelho atribui o crescimento do patrimônio de seu cliente a negociações de imóveis -alguns deles recebidos de herança- e à receita de um estacionamento pertencente à família. "É um cara que desde 1969 compra e vende imóveis. É sua principal fonte de renda a compra, venda e locação de imóveis, até porque o salário dele é relativamente baixo", disse o advogado.

Ele afirmou que, na época em que assumiu o cargo de confiança na Prefeitura de São Paulo, Aref também passou a ganhar dinheiro com um estacionamento num terreno alugado perto do estádio do Morumbi, na zona oeste.

"Além de trabalhar na prefeitura, e ter a renda desses imóveis, o Aref tem junto com um irmão uma empresa de estacionamento que tinha faturamento muito expressivo."

Botelho disse que o estacionamento funcionou entre os anos de 2004 e 2009.

NOVA VERSÃO

O advogado, porém, mudou a versão ao ser informado pela Folha que Aref não havia vendido imóveis nesse período, apenas comprado, e que o estacionamento citado não estava em nome dele.

Horas depois, após consultar seu cliente, o advogado admitiu não ter havido "reinserção" de capital de imóveis. "Vocês estavam certos, e eu não. Não teve venda de imóvel mesmo. Ele só compra."

Sobre o estacionamento, o defensor, após ter garantido que Aref era sócio oficial do negócio, confirmou que apenas os filhos do ex-diretor foram sócios. Como os filhos também são sócios, com Aref, da SB4, estaria explicada assim a transferência. Segundo o advogado, a filha de Aref foi registrada como sócia "por uma questão contábil".

Apesar de ter 46 imóveis em seu nome, a empresa de Aref tem um capital declarado de apenas R$ 10 mil.

"Não houve alteração do contrato social [informando a transferência de recursos] ainda, mas haverá. O que é o mais importante é que houve declaração aos livros contábeis e à Receita Federal."

'NEBULOSO'

Em um depoimento dado à Corregedoria Geral do Município ao qual a Folha teve acesso, Aref diz que seu patrimônio é "meio nebuloso".

Para o advogado, esse termo não significa que o patrimônio não é explicável, mas que é apenas confuso, embora tudo possa ser explicado. "De nebuloso não tem nada. O que tem é desorganizado."

Botelho apresentou um número de imóveis de propriedade de Aref e da empresa da família um pouco diferente do que a Folha tem.

Ele não forneceu a listagem dos imóveis para conferência. Disse apenas que eram 115 registros de imóveis, sendo 14 vagas de garagem. No levantamento da Folha constam 118 imóveis (12 adquiridos antes da posse no departamento da prefeitura), sendo 24 vagas de garagem.

O advogado disse que não foram três, como informaram os cartórios, mas 11 os imóveis recebidos de herança.

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