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Rua sem nome número zero

Criada há 3 anos, via na zona oeste não tem nome nem iluminação, mas abriga ponto final de ônibus e ciclofaixa

VANESSA CORREA
DANILO VERPA
DE SÃO PAULO

Entre o Itaim Bibi e a Vila Olímpia há uma rua engraçada. Não tem nome, tampouco iluminação, mas nem por isso deixou de ser escolhida como ponto final de cinco linhas de ônibus. E faz parte do trajeto de uma ciclofaixa de lazer.

Quem pega o ônibus ali, não se conforma com o breu.

"As vezes saio mais tarde do escritório e não é legal essa escuridão, me sinto insegura", diz a relações-públicas Carolina Camargo, 32.

Ela afirma que, quando começou a trabalhar no emprego atual e foi tentar descobrir onde pegar o ônibus, não conseguia encontrar o local, nem no Google Maps.

"Eu sabia que tinha o ônibus, que era aqui, mas eu não sabia onde era aqui", brinca.

O caso da rua "fantasma" foi divulgado ontem pela rádio Band News FM.

Segundo a prefeitura, a rua ainda não tem denominação oficial, e um projeto de lei tramita na Câmara Municipal para resolver o problema.

Enquanto isso, diz a administração da cidade, a via é chamada de rua Nova.

Só que a rua não é tão nova assim. Com três anos de "idade", segue sem "certidão de nascimento".

Sem denominação oficial, não é possível levar iluminação até lá, segundo a assessoria de imprensa da Coordenação de Subprefeituras.

De acordo com a Secretaria da Habitação, a iluminação pública só será instalada no segundo semestre.

Jeferson Sampaio, 24, fiscal dos ônibus que têm o ponto final ali, diz que a falta de postes de luz e de abrigos para os passageiros esperarem os ônibus gera transtornos.

"O pessoal pergunta muito por que não tem iluminação. A gente fica sem saber o que responder", diz o fiscal.

Ele também reclama da falta de um banheiro e lembra que há fiscais mulheres que trabalham ali.

"Muitas vezes nos somos obrigados a fazer nossas necessidades num cantinho de árvore. Durante a semana usamos o banheiro de uma lanchonete, mas nos finais de semana é sem condição", desabafa o motorista de ônibus Celso do Amaral, 48.

ENSOPADO

Lucas Martins da Silva, 20, estudante, que pega ônibus ali há um ano, diz que ficou ensopado na segunda, "esperando o ônibus na chuva, sem lugar para me proteger".

A SPTrans afirma que a rua é mais adequada para ter pontos finais do que outras da região, já que os ônibus podem parar na via sem atrapalhar o fluxo de veículos. Diz ainda que a demanda de passageiros é baixa.

Quanto à instalação de abrigos, diz não ser possível, pois a via tem muitas caixas de inspeção de serviços, como telefonia e TV a cabo, "o que impossibilita a realização de escavações".

Segundo a CET, a via atende a todas as condições de segurança para a instalação da ciclofaixa e não há registro de ocorrências ali.

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