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Diretor pagou imóveis com dinheiro vivo

Responsável por liberar empreendimentos em São Paulo usou notas em transações imobiliárias, algo incomum

Aref é investigado pela Corregedoria-Geral do Município e pelo Ministério Público; ele nega irregularidades

EVANDRO SPINELLI
ROGÉRIO PAGNAN
DE SÃO PAULO

O ex-diretor da prefeitura Hussain Aref Saab usou dinheiro vivo para comprar ao menos dois imóveis no período em que era responsável por liberar empreendimentos de médio e grande porte em São Paulo, entre 2005 e 2012.

Aref adquiriu 106 imóveis nesses sete anos. Documentos das transações de cinco deles foram analisados pela Folha. Em dois, está explicitado que o ex-diretor usou a "boa e corrente moeda nacional".

Em uma das compras -um apartamento na Chácara Flora, na zona sul-, Aref pagou R$ 185 mil em dinheiro. Para a outra parte, emitiu promissória de R$ 115 mil.

Também foi em dinheiro que Aref pagou um imóvel no Campo Grande, na zona sul, por R$ 60 mil. Nesse mesmo endereço, o ex-diretor tem 11 apartamentos.

A utilização de dinheiro em transações imobiliárias é pouco comum.

INVESTIGAÇÃO

Aref é investigado pela Promotoria e pela Corregedoria- Geral do Município -esta apuração aberta a pedido do prefeito Gilberto Kassab (PSD) -por suspeita de corrupção.

Na carta anônima enviada a Kassab que originou a abertura de investigação por parte do município, a denúncia é que o então diretor cobrava propina para agilizar liberação de projetos.

As propinas iam, segundo a carta, de R$ 10 mil a R$ 400 mil, na maior parte das vezes pagas em dinheiro. Nas outras vezes o pagamento era por meio de imóveis.

O advogado de Aref, Augusto de Arruda Botelho, nega envolvimento de seu cliente em ilegalidades. Ontem ele não comentou a compra dos imóveis em dinheiro vivo.

Conforme a Folha revelou nesta semana, seis apartamentos próximos ao parque Ibirapuera, adquiridos pela empresa de Aref, a SB4, foram repassados por um grupo empresarial em pagamento de serviços de assessoria empresarial. Esses supostos serviços foram prestados, segundo escritura, em 2006. Ocorre que a empresa de Aref só foi constituída em 2008.

A Promotoria investiga o suposto enriquecimento ilícito do ex-diretor. Na próxima semana, os promotores devem ouvir quem vendeu imóveis a Aref.

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