Anônimas também são vítimas de crime digital

A mineira Renata Dávila, 21, recebeu má notícia ao acordar na terça: vídeo postado na internet mostrava cena de sexo protagonizada por ela e um ex-namorado.

Ex-participante do "Big Brother Brasil" e atual capa da "Playboy", ela foi no mesmo dia à polícia para tentar identificar o responsável pela divulgação das imagens.

Nas delegacias especializadas em crimes digitais, a publicação não autorizada de foto e vídeo com cenas de nudez ou sexo virou ocorrência frequente. Famosas ou anônimas estão igualmente vulneráveis. Algumas acabam na internet por descuido, ao deixar um celular ou tablet em mãos erradas. Outras são vítimas de ações planejadas.

Renata está processando o ex-namorado. Há um mês, ela descobriu fotos na internet, onde aparecia nua. "Ele chegou a postar as imagens pelo Twitter. Na semana seguinte, entramos com duas ações. E agora apareceu esse vídeo", diz o advogado Fabio Turnes.

Presidente da Safernet, ONG que monitora crimes digitais, Thiago Tavares afirma que existe um mercado de sites especializados em fotos divulgadas sem autorização.

"Quatro em cada cinco fotos comprometedoras são capturadas em dispositivos móveis. A pessoa perde o celular, alguém encontra e joga as imagens na rede", diz.

"Há vazamentos intencionais de imagens, onde o responsável pela divulgação chega a informar o nome e até mesmo o número do telefone de quem está na foto."

Recentemente, a atriz Carolina Dieckmann foi chantageada por golpistas que tiveram acesso a fotos íntimas que ela guardava no próprio computador. Os suspeitos foram identificados pelos policiais da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática, no Rio de Janeiro.

Na quinta, empresária carioca recorreu à mesma equipe para tentar resolver um problema que gerou crise em seu casamento. Dona da franquia de uma popular lanchonete na zona norte do Rio, foi fotografada dançando com dois funcionários na festa de fim de ano de sua firma.

Numa das cenas, ela era abraçada pelos dois rapazes ao mesmo tempo: um estava na sua frente e o outro, atrás. A empresária não reparou que alguém havia registrado a coreografia. Até que, no mês passado, as imagens foram enviadas para o marido.

"Demiti uma atendente da lanchonete. Acho que foi ela quem mandou as imagens."

Uma jovem de 22 anos também registrou queixa: fotos íntimas feitas por ex-namorado estavam em site erótico -com seu nome e telefones verdadeiros. E informação falsa: garota de programa.