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Cadê o 'maquinista'?

Numa sala 'big brother', operador vigia os movimentos dos trens

CRISTINA MORENO DE CASTRO
DE SÃO PAULO

Após o choque inédito entre dois trens da linha 3-vermelha do metrô, na quarta-feira, uma pessoa foi ovacionada: o condutor.

Em outra parte da capital, na mesma hora, a Folha ouvia um usuário estranhar a ausência de operador nos 14 trens da linha 4-Amarela. São "trens fantasmas", afirmou.

Bem, não é bem assim.

De dentro de uma sala, com cerca de 40 m², do CCO (Centro de Controle Operacional), um -no horário de pico, são dois- funcionário atua como condutor.

Esses homens só interferem no trabalho dos computadores quando algo dá errado ou quando é preciso mudar a programação: com um comando, por exemplo, "acordam" um trem que está estacionado no pátio da Vila Sônia (zona oeste).

O sistema de automação que orquestra o CCO e os trens é conhecido como CBTC, desenvolvido na França.

Luiz Valença, presidente da ViaQuatro, grupo privado que opera a linha 4, compara o CBTC a elevadores automatizados. "Não faz sentido pôr operador no trem pra não fazer nada. É como pôr ascensorista no elevador moderno", afirma o executivo.

Não que o sistema usado pelo Metrô esteja tão obsoleto quanto os elevadores do centro paulistano. "Todas as funções que o CBTC faz, nós fazemos aqui", garante Wilson Nagy, chefe do departamento de controle centralizado e tráfego do Metrô.

A vantagem do CBTC é que ele permite maior flexibilidade. Em uma mesma linha mais trens podem ser usados, pois é possível fazer com que eles circulem mais próximos uns dos outros. Paris, Cingapura e Vancouver, por exemplo, usam essa tecnologia.

Por isso, o Metrô pretende mudar o sistema de todas as suas linhas -o que deveria ter ocorrido até julho do ano passado, como a Folha revelou na sexta-feira.

Ele será parecido com o CBTC, com comunicação via rádio entre trens e o centro de controle e não mais via antenas em cabos sob os trilhos.

Mas terá maquinista.

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