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Bichos

SÍLVIA CORRÊA correa-silvia@uol.com.br

O pesadelo da mudança

Gatos são territorialistas. Para eles, a mesma casa, o mesmo sofá e o mesmo cheiro são tudo na vida

"Mais perdido do que cachorro em dia de mudança." Conhece esse ditado? Ele resume a dificuldade que os animais têm de lidar com a alteração do ambiente em que vivem. Mas, se é ruim para os cães, é um inferno para os gatos.

Gatos são territorialistas. A mesma casa, o mesmo sofá, o mesmo cheiro, o mesmo esconderijo (lá no alto). Isso, para eles, é tudo na vida.

Mudanças são fator de estresse. E, sobretudo nessa espécie, o estresse pode ter consequências graves. Uma delas é a anorexia: o animal chega à casa nova e para de comer.

O problema é que gatos não podem parar de comer, sob o risco de despejar a gordura do corpo no fígado e levá-lo à exaustão. Soa catastrófico, mas é real e mata. É um problema típico da espécie. Muitas vezes, bastam dois dias de jejum.

Portanto, se a mudança é inevitável, é preciso buscar alternativas para minimizar o impacto sobre o animal. Uma delas é limitar -cautelosamente- o volume de alimento ao seu alcance alguns dias antes da mudança. A intenção é mantê-lo com fome, o que dificilmente o fará recusar um bom prato na nova casa.

Outra opção é, depois da mudança, oferecer ao animal a quase irrecusável ração úmida. Nesse caso é preciso admitir que você estará exigindo um enorme exercício de adaptação do organismo do bicho em uma fase meio inadequada, quando ele já estará diante de outros desafios. Mas, ainda assim, é melhor do que não comer.

Além da alimentação, há outros cuidados. Um deles é evitar vacinações. A vacina é uma forma de introduzir proteínas do microrganismo agressor no corpo do hospedeiro, desafiando seu sistema imune a produzir anticorpos. Se o animal estiver estressado, essa produção estará prejudicada, o que é péssimo. Mas pode ser pior: se a vacina for de vírus vivo, ela mesma pode levar o animal à doença. Portanto, se a mudança já estiver no calendário, vacine seu gato até dez dias antes ou apenas quando ele já estiver familiarizado com o novo ambiente.

No dia da mudança, feche o gato em um quarto até que todas as coisas já tenham seguido viagem. Eles detestam a movimentação de carregadores e ficarão bem menos estressados se forem os últimos a sair.

Já na casa nova, o gato deve ter acesso gradativo aos ambientes. Primeiro, mantenha-o em apenas um dos cômodos, com comida, água e uma caminha confortável. Objetos que ele conhece e que tenham o cheiro da casa antiga ajudam muito -roupas que você usou na mudança, brinquedos das crianças etc.

Só libere o passeio pelo resto da casa quando você tiver certeza de que ele está comendo, bebendo e fazendo xixi e cocô sem alterações e que não apresenta sinais de estresse -como ficar escondido, ter queda acentuada de pelos, ronronar contínuo ou miado incessante.

Com todos esses cuidados, o gato tem tudo para se adaptar à nova casa. Mas, por favor, não mude tudo de uma vez -de casa, de móveis, de empregados... de marido ou de mulher. Para o gato, tudo que é novo é sinônimo de pesadelo.

AMANHÃ EM COTIDIANO
Jairo Marques

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