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Rio tira de morro 400 usuários de crack

Moradores de favela receiam que operação seja apenas "maquiagem" para a Olimpíada e Copa do Mundo

Ação é a primeira do governo federal, com participação da Força Nacional, para combate ao consumo da droga

LUIZA SOUTO
DO RIO

Depois de receberem a primeira operação do governo federal - com a participação da Força Nacional - para combater o consumo de crack no país, na última sexta-feira, moradores do morro Santo Amaro, no Catete, zona sul do Rio, duvidam da permanência do projeto.

Para muitos, as ações que vêm acontecendo na cidade para coibir o tráfico durarão no máximo até a Olimpíada, em 2016.

Até ontem, mais de 400 usuários já tinham sido recolhidos na região.

"Acho que isso é uma maquiagem do governo. Depois da Copa e das Olimpíadas isso tudo vai acabar", comentou um morador.

"O governo não terá condições de manter isso por muito tempo", disse outro morador, que ouvia a conversa. Ambos preferiram não ser identificados.

O morro Santo Amaro é considerado o maior distribuidor da droga na zona sul do Rio de Janeiro e ficará ocupado pela Força Nacional de Segurança Pública por tempo indeterminado.

O clima no domingo era de tranquilidade. Segundo a Polícia Militar, não houve hostilidade por parte dos moradores e os mesmos dizem que os agentes não incomodam.

"O problema vai ser lá embaixo. Como esses usuários não podem mais ficar aqui em cima, vão tentar ocupar o asfalto", disse o sargento Mata, do 2º BPM (Botafogo).

ABRIGO COMPULSÓRIO

A coordenadora de Projetos de Enfrentamento ao Crack, a psicóloga Maura Cristina, da Secretaria Municipal de Assistência Social, disse à Folha que o objetivo é tirar os usuários das ruas. "Desde a ocupação já recolhemos 479 pessoas", afirmou.

Os acolhidos estão sendo encaminhados para os abrigos da Rede de Proteção Especial do município.

Ao todo a cidade tem 2.741 vagas, distribuídas entre abrigos públicos e privados.

"Não podemos obrigar os adultos a ficarem nesses locais, mas os menores dependentes químicos são encaminhados para uma das quatro unidades de abrigamento compulsório", disse ela.

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