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Irã demite diplomata suspeito de abuso Funcionário do governo é acusado de tocar as partes íntimas de quatro crianças num clube de Brasília em abril Em nota, chancelaria iraniana afirma que ele infringiu normas administrativas e a conduta islâmica SAMY ADGHIRNIDE TEERÃ O governo do Irã disse ontem que o diplomata Hekmatollah Ghorbani, 52, acusado de molestar meninas de 9 a 15 anos de idade numa piscina de Brasília no mês passado, foi expulso do Ministério das Relações Exteriores. Anunciada às vésperas da ida do presidente Mahmoud Ahmadinejad à Cúpula Rio + 20, a medida parece tentar amenizar o desgaste causado após o Irã ter afirmado que o incidente se tratava de um mal entendido gerado por "diferenças culturais". "Após uma investigação sobre as infrações do funcionário, conclui-se que seu comportamento contrariou o regulamento administrativo e a conduta profissional e islâmica", diz o comunicado da Chancelaria iraniana. Segundo fontes diplomáticas, a decisão foi tomada com base em relatório escrito por dois funcionários do governo iraniano enviados a Brasília para investigação. Eles interrogaram funcionários da embaixada e conversaram com policiais. Ghorbani foi denunciado no dia 15 de abril por meninas que o acusaram de promover, na piscina de um clube de classe média-alta de Brasília, uma brincadeira na qual tocava suas partes íntimas. Após escapar por pouco de ser agredido por familiares das garotas, ele foi levado a uma delegacia, mas acabou liberado por se beneficiar da imunidade diplomática. Em seguida, embarcou para Teerã, onde permanece. EXPECTATIVA A reação inicial das autoridades iranianas irritou o Brasil. Em Teerã, funcionários iranianos alegaram que Ghorbani estava apenas ensinando crianças a nadar. A Folha apurou que o Irã chegou a pedir ao Itamaraty que tentasse impedir a mídia brasileira de divulgar informações sobre o caso. A primeira reação vista como positiva pelo Brasil surgiu dez dias depois dos fatos. A Chancelaria iraniana criticou Ghorbani por violar a lei -válida mesmo fora do país- que proíbe homens e mulheres juntos em piscinas. Mas o Brasil esperava uma condenação mais contundente ou, ao menos, o desligamento formal de Ghorbani da embaixada em Brasília. 'CAIU A FICHA' Fontes do governo brasileiro disseram à Folha que a expulsão, ainda não comunicada oficialmente, mostra que "caiu a ficha" do Irã a respeito da gravidade das acusações contra o diplomata. Sob pressão por causa do seu programa nuclear, Teerã preza as boas relações com o Brasil, país visto como independente e amigável, apesar do esfriamento surgido com o fim do governo Lula. Ahmadinejad vai à Rio + 20, em junho, na esperança de ser um dos raros líderes que conseguirão um encontro bilateral com a presidente Dilma Rousseff. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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