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Gestão Kassab pode liberar shopping JK sem obras de viaduto

Integrantes da pasta dos Transportes dizem nos bastidores que exigências contra congestionamentos serão reduzidas

Ainda sem aprovação oficial, parecer interno abre brecha para que empreendimento reverta decisão judicial

CRISTINA MORENO DE CASTRO
DE SÃO PAULO

A abertura do shopping JK Iguatemi, no Itaim Bibi, zona oeste de São Paulo, está mais perto de ser autorizada pela gestão Gilberto Kassab (PSD).

A Folha apurou com integrantes da Secretaria Municipal dos Transportes que a prefeitura está disposta a limitar as obras que o empreendimento teria de realizar para diminuir o impacto no trânsito local ao alargamento da marginal Pinheiros.

E essa obra já está concluída desde sábado passado -continua pendente apenas de vistoria da prefeitura, a ocorrer nas próximas semanas.

Oficialmente, a inauguração está condicionada, além do alargamento da marginal, à construção de um viaduto e de passarelas e à ampliação de uma ciclovia (esta obra também já está pronta).

A maior pendência é o viaduto, obra de grande porte que não deve ser concluída antes de outubro.

Foi a partir dessas exigências originais que o Ministério Público conseguiu barrar na Justiça a abertura do shopping, que já está pronto.

Agora, caso o shopping consiga um termo provisório da prefeitura atestando que pelo menos a obra da marginal foi entregue, ele poderá recorrer de decisão judicial.

PARECER

A reviravolta foi possível graças a um parecer da Procuradoria-Geral do Município que diz que é possível fatiar as exigências de todo o complexo (que inclui, além do shopping, três torres comerciais ainda não concluídas) em várias partes. Com isso, o viaduto poderia ficar para a última etapa do complexo, com inauguração prevista para 2014.

O parecer foi pedido pela Secretaria Municipal dos Transportes após a WTorre, empreiteira responsável pela obra, entrar na Justiça em outra ação, pedindo emissão do mesmo termo provisório (Trap), por ter depositado fiança no valor de R$ 84 milhões como garantia de que executaria as obras restantes.

A procuradoria disse que o Trap não deveria ser emitido, mas, agora, atendendo a pedido do shopping, levantou a possibilidade de fazer esse desmembramento das exigências inicialmente feitas para o complexo.

O parecer, porém, ainda não foi passado para a Secretaria dos Transportes. Ou seja, ele ainda não foi emitido oficialmente nem aprovado pelo secretário dos Negócios Jurídicos, Cláudio Lembo.

Para o urbanista especialista em trânsito Flamínio Fichmann, a interpretação da prefeitura foi "equivocada".

"O atendimento parcial das exigências é um arranjo que a prefeitura está pensando em conceder para atender interesse dos investidores. Se deixar abrir o shopping sem todas as obras, significa que fez exigências e abriu mão delas. Ou exigiu o que não precisava ou está agindo de má-fé."

Para o vereador Adilson Amadeu (PTB), da subcomissão da Câmara dos Vereadores que avalia os polos geradores de tráfego, "a prefeitura está voltando atrás pois errou no começo ao demorar a liberar licenças para as obras".

Ele concorda com o argumento da WTorre de que o shopping, sozinho, não causará grande impacto ao trânsito, por atrair pessoas em horários diferentes dos de pico.

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