Índice geral Cotidiano
Cotidiano
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Greve pode parar metrô e parte da CPTM

Em campanha salarial, metroviários de São Paulo ameaçam não cumprir decisão judicial de manter parte do efetivo

Governo pede reforço policial e diz que ainda negocia; prefeitura muda linhas de ônibus e pode suspender rodízio

DE SÃO PAULO

Em uma assembleia com cerca de 2.000 funcionários -perto de 1/4 da categoria-, os funcionários do Metrô, em campanha salarial, decidiram ontem entrar em greve por tempo indeterminado, a partir da madrugada de hoje.

Quatro das cinco linhas do sistema devem ser afetadas pela paralisação -a linha 4-amarela tem operação privada e seus trabalhadores não são representados pelo Sindicato dos Metroviários.

A entidade, que é dirigida por sindicalistas ligados ao PSTU, anunciou que não irá cumprir decisão judicial de ontem que obriga a manutenção de 100% do efetivo trabalhando nos horários de pico (5h às 9h e 17h às 20h) e de 85% nos demais horários.

A decisão, da desembargadora Anélia Li Chum, do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, também impede o sindicato de liberar as catracas, medida que chegou a ser cogitada pelo movimento. Se não cumprir a decisão, o sindicato terá que pagar multa diária de R$ 100 mil.

Dois fatores podem potencializar a eventual paralisação do metrô. Um é a decisão de trabalhadores da CPTM de parar, também a partir de hoje, duas linhas na zona leste: a 11-coral e a 12-safira.

O outro são as limitações do plano de emergência do poder público para evitar transtornos aos cerca de 3,7 milhões de pessoas que utilizam diariamente o metrô.

No final da noite, o governo ainda apostava que o sindicato respeitaria a decisão judicial, mas a única medida efetiva que pôde tomar foi providenciar reforço policial para garantir o trabalho de quem não aderir à greve.

Além disso, pediu apoio da prefeitura para adotar medidas emergenciais de trânsito e para reforçar a participação do transporte por ônibus.

A SPTrans vai usar toda a sua frota durante todo o dia, mas isso não alivia a situação no pico, quando todos os veículos do sistema -cerca de 15 mil- já são utilizados.

Os ônibus mudarão itinerários para, em vez de deixar os passageiros nos terminais de conexão com o metrô, levá-los até o centro da cidade.

A prefeitura também decidiu suspender o rodízio de veículos -hoje, placas 5 e 6-, mas isso só valerá se o metrô estiver efetivamente parado. Ou seja, o usuário terá de ir ao metrô, que começa a operar às 4h40 e, caso ele não esteja funcionando, poderá voltar para casa e usar o carro.

Ontem à noite, o governo ainda apostava na negociação com o sindicato, dizendo que "ela não está finalizada". A entidade também pensa assim, tanto que marcou nova assembleia para hoje, às 12h.

Outra preocupação do governo é como a paralisação vai interferir na CPTM, que recebe 2,6 milhões de pessoas por dia, e na linha 4-amarela, que irá operar normalmente. "Se ocorrer [a greve do metrô], é melhor fechar as estações", disse o presidente da CPTM, Mário Bandeira.

(JOSÉ BENEDITO DA SILVA, DARIO NEGREIROS E MARCELLE SOUZA)

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.