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Barbara Gancia

Vá abraçar sua avó!

Quero ver congestionar o WC da firma com gente fugindo do Malaquias, o tarado do xerox

É CLARO que diante das greves po­líticas, das revelações da Xu­xa e dos reality shows em Brasília, meu assunto aqui hoje compete em impacto com o pum de um pernilongo dentro do túnel Nove de Julho na hora do rush.

Eu poderia melhor utilizar este espaço para contar a você, meu querido leitor, sobre a vez em que Elvis Presley me pediu em casa­mento lá em Las Vegas e eu decli­nei: "O quê? Se enxerga, balofo! Vê se aprende a rebolar esse quadril com o Magal!", disse-lhe com mi­nha polidez habitual. Me contaram que o barrigudo ficou tão deprimi­do que ameaçou passar gilete nas costeletas e, daí em diante, deu para se entupir de pílulas.

Fiz que nem percebi. Como diz um amigo meu, o Paulo Coelho: "E eu com isso, Raulzito?" Concordo. Cada um com seus bagulhos. O El­vis já era bem grandinho quando o conheci, se quis se afundar no "vale das bonecas", problema dele.

Nesse ponto, estou com a Xuxa. Não dá pedal casar com essa genta­lha drogada -no caso dela, ainda por cima, o Michael teria trazido o tal do chimpanzé Bubbles para dentro de casa, já pensou? Acordar com uma Chita na cama, eu hein? Bas­tou distrair um minuto e ele toma­ria o Ziggy Neymar Espalha Brasa, meu salsicha que pesa 7 kg, de canu­dinho no lanche. Ademais, quem precisa de gente vestida de Evel Knievel circulando pela cozinha?

O que me traz aqui hoje é o Dia do Abraço. Por mim, pode embrulhar a comemoração e jogar na Kassamba (a caçamba de entulho do Kassab). Que ideia é essa, justamente quan­do começam as contaminações de gripe? Estão tentando promover rave de micróbio?

Logo de manhã, quando ouvi que era Dia do Abraço, pensei: "Pronto, encontrei a desculpa que estava procurando para passar o dia na horizontal".

Gosto muito e admiro várias pes­soas a quem não faço a menor ques­tão de abraçar. Tome o seu Cícero, meu querido porteiro. Nutro por ele afeto verdadeiro. Mas não te­nho nenhuma intenção, em qualquer tempo da vida, de ter contato físico direto com ele. Veja também, por exemplo, o prefeito de São Pau­lo, Gilberto Kassab. Reconheço ne­le a maior liderança política surgida no país nos últimos anos. Espero que o leitor saiba interpretar o co­mentário com a isenção devida. O sujeito é uma potência. Não vi Ser­ra nem FHC nem Aécio deixar aquela pocilga de PSDB para for­mar um partido novo, você viu? Pois é, o camarada foi lá e fundou o seu, bocó não deve ser. E o Brasil todo continua subestimando-o, as­sim como sempre fizeram com Paulo Coelho, que no documentá­rio sobre Raul Seixas se desnuda diante das câmeras e dá um depoi­mento de quem não precisa provar mais nada.

Veja, eu só estou deformando um pouco o ângulo para que a gente possa perceber o quanto é comum julgar de forma preguiçosa, sempre a partir da via mais fácil, dividindo o mundo entre céu e inferno e colo­cando convenientemente anjos de um lado e chifrudinhos de outro.

Mas voltando ao Kassab, por mais que admire sua maturidade na arte de mover as peças no tabuleiro de xadrez da política, isso não significa necessariamente que eu confiaria o Ziggy para que ele o levasse passear com o macaco do Michael Jackson. Ou que teria vontade de abraçá-lo no Dia do Abraço.

Quando a moda do Dia do Abraço pegar, em razão da abominável quantidade de carentes que andam perambulando por aí, quero ver o congestionamento nos banheiros das repartições a fim de escapar do Malaquias, o tarado do xerox, ou da Ermenegarda, que fuma dois ma­ços ao dia.

barbara@uol.com.br
@barbaragancia

AMANHÃ EM COTIDIANO
Walter Ceneviva

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