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Homicídios e roubos de veículos sobem pelo 2º mês seguido em SP

Taxa de assassinatos cresce 10,8% na capital nos 4 primeiros meses, mais que o dobro no Estado

Para chefe da Polícia Civil, investigações têm falhas e Judiciário erra ao não manter assassinos na prisão

AFONSO BENITES
JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO

Os principais índices da criminalidade cresceram em São Paulo nos primeiros quatro meses deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado.

Dados divulgados ontem pela Secretaria da Segurança Pública mostram que homicídio doloso (intencional), roubo e furto de veículos, entre outros, apresentaram aumento pelo segundo mês consecutivo neste ano.

No primeiro quadrimestre deste ano, foram registrados 1.420 casos de homicídio, com 1.487 vítimas, em todo o Estado. O aumento foi de 4,3%. Na capital, a elevação foi maior ainda -10,8%.

Percentualmente, o crime que mais avançou foi roubo de veículos, que subiu 20% no Estado e 25,5% na capital.

A cada hora 19 veículos são levados por ladrões no Estado, sejam eles furtados (quando a pessoa não presencia o crime) ou roubados (quando há grave ameaça ou violência contra a vítima).

Em março, tanto o Estado quanto a capital já haviam enfrentado aumento nos crimes contra a pessoa (homicídios, estupros) e contra o patrimônio (roubos e furtos).

Para o sociólogo Luis Sapori, coordenador da PUC-MG, o aumento da criminalidade em um momento de crescimento econômico, de quase pleno emprego e de melhoria dos indicadores sociais mostra que a elevação não está relacionada às condições socioeconômicas, mas à gestão de segurança.

"Ainda é cedo para dizer se é uma tendência [de elevação da criminalidade], mas os dados são suficientes para acender a luz amarela no governo de São Paulo", afirmou.

Para o delegado-geral da Polícia Civil, Marcos Carneiro Lima, há dois motivos para o recrudescimento dos índices de homicídios dolosos. O primeiro é porque, em sua avaliação, o Poder Judiciário não tem deixado presos os acusados de assassinatos. A outra razão, diz ele, é que a própria polícia tem falhado nas investigações.

"Hoje, temos um índice de esclarecimento de homicídios que é de aproximadamente 35%. Ainda é baixo, precisamos melhorar para ajudar na redução", disse.

Sobre o aumento dos roubos e de furtos de veículos o delegado afirmou que isso tem ocorrido porque há mais quadrilhas especializadas, vários desmanches de carros e um grande número de receptadores em outros Estados que não são combatidos pelas polícias locais.

"Para a população, comprar peças de carros em desmanches não é um crime. Enquanto incentivarmos esse mercado vamos continuar tendo muitos casos de roubos e furtos de veículos", disse.

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